
O silêncio pesa mais que o tempo. Sete dias se passaram desde que Adriana* — uma vendedora de 32 anos — sumiu sem deixar vestígios em São José, região metropolitana de Florianópolis. E a irmã dela, Carla*, já não aguenta o vazio das explicações.
— Me matou junto com ela — desabafa, com a voz embargada, enquanto segura uma foto desbotada. "Cadê o corpo? Cadê justiça?", questiona, esfregando os olhos inchados.
O último rastro
Tudo começou numa terça-feira cinzenta. Adriana saiu para trabalhar — como sempre fazia — vendendo roupas de porta em porta. Às 14h23, mandou um áudio no WhatsApp dizendo que "voltaria antes do escuro". Nunca mais foi vista.
Detalhe macabro? Seu celular foi encontrado três dias depois, jogado num matagal perto do Rio Araújo. A tela, rachada. A bateria, morta.
Teorias e desespero
A polícia trabalha com três hipóteses (nenhuma boa):
- Assalto que deu errado
- Vingança pessoal
- Tráfico de pessoas
Mas Carla tem suas suspeitas. — Ela tava com medo daquele cliente novo... aquele que sempre pagava em notas amassadas — lembra, arrancando as cutículas com os dentes.
Enquanto isso, os vizinhos falam em "coincidências demais". Dois dias antes do desaparecimento, uma caminhonete preta sem placa circulou lentamente pela rua. Ninguém anotou o modelo.
Falta de respostas
O delegado responsável — que pediu para não ser identificado — admitiu à reportagem que "as pistas esfriaram". Exames no celular? Nada conclusivo. Câmeras de segurança da região? Quase todas estavam desligadas por "falta de verba".
— É como se ela tivesse evaporado — diz um agente, sob condição de anonimato. E o pior? O caso nem sequer virou prioridade. "Sumiço de adulto não chama atenção", resmungou outro policial, entre um gole de café requentado.
Enquanto as autoridades arrastam os pés, a família organiza buscas voluntárias. Neste sábado, vão revistar o manguezal atrás do shopping. Alguém sonhou que ela estaria lá. Na falta de provas, sobram sonhos.