
O que parecia ser mais um caso isolado de charlatanismo virou um verdadeiro pesadelo coletivo no Rio Grande do Sul. A Polícia Civil confirmou que o número de possíveis vítimas de uma mulher que se passava por psicóloga pode chegar a 80 — um dado que deixa qualquer um de cabelo em pé.
Detalhes escabrosos vêm à tona: a falsa profissional atendia em um consultório improvisado, com diplomas falsos pendurados na parede como troféus de caça. "Ela tinha toda a pose", relata uma das vítimas que preferiu não se identificar. "Até os termos técnicos ela dominava, o que nos deixou completamente enganados."
Como o esquema funcionava?
Numa mistura de audácia e conhecimento superficial, a impostora:
- Oferecia atendimento a preços abaixo do mercado
- Falsificava documentos com uma perícia que impressiona
- Se especializou em abordar pessoas em situação de vulnerabilidade emocional
O delegado responsável pelo caso, em entrevista coletiva, não escondeu a gravidade: "Estamos diante de um crime que vai muito além da falsidade ideológica. São vidas que foram manipuladas no momento mais frágil".
O estrago emocional
Psicólogos legítimos ouvidos pela reportagem alertam: o dano vai muito além do financeiro. "É como entregar sua chave emocional a um ladrão", compara Dra. Letícia Martins, do CRP-RS. Os efeitos? Pacientes que:
- Interromperam tratamentos médicos baseados em conselhos errados
- Desenvolveram desconfiança patológica de profissionais reais
- Agravaram condições psicológicas preexistentes
Agora, o Conselho Regional de Psicologia corre contra o tempo para identificar todas as vítimas — muitas ainda nem sabem que caíram no golpe. Enquanto isso, a falsa psicóloga, cuja identidade ainda não foi revelada, responde pelo crime em liberdade. Sim, você leu certo: em liberdade.
O caso levanta discussões urgentes sobre fiscalização na área da saúde mental. Afinal, como tantas pessoas foram enganadas por tanto tempo? A resposta, infelizmente, parece estar na nossa eterna dificuldade em discutir saúde psicológica abertamente.