
O que deveria ser uma manhã comum de atividades escolares se transformou em pesadelo. Na última quarta-feira, um garotinho de apenas sete anos — sim, você leu certo, sete anos — foi atingido por um disparo enquanto participava da aula de educação física. O caso aconteceu no bairro de Realengo, Zona Oeste do Rio, e deixou a comunidade escolar em estado de comoção.
Segundo testemunhas, o menino brincava no pátio quando o inacreditável aconteceu. De repente, um estampido cortou o ar. "Parecia um rojão, mas aí vimos o pequeno caído no chão", contou uma professora que pediu para não ser identificada — o medo, compreensível, ainda falava mais alto.
Como isso pode acontecer?
A pergunta que não quer calar: como uma bala perdida consegue invadir o santuário que deveria ser uma escola? As investigações preliminares apontam que o projétil veio de confrontos entre facções rivais nas proximidades. Mas convenhamos, explicação nenhuma apaga o desespero dos pais que receberam aquela ligação.
O garoto, cujo nome foi preservado, foi levado às pressas para o Hospital Municipal Albert Schweitzer. Por sorte — se é que podemos usar essa palavra —, o estado dele é estável. Mas e o trauma? Como se mede o impacto psicológico em uma criança que mal entende o que aconteceu?
Reações e protestos
Não demorou para que a comunidade se mobilizasse. Pais, professores e moradores foram às ruas para protestar contra a violência que insiste em transformar o cotidiano carioca em roleta-russa. "Até quando nossas crianças serão reféns dessa guerra?", questionava uma faixa carregada por mãos trêmulas de indignação.
Enquanto isso, a Secretaria Municipal de Educação emitiu uma nota — daquelas cheias de "lamentamos profundamente" e "tomaremos as providências necessárias". Sabe como é, o protocolo segue seu curso enquanto a vida real sangra nos corredores das escolas.
O caso, que já está sendo investigado pela Delegacia de Crimes contra Crianças e Adolescentes (DCA), reacendeu o debate sobre segurança nas áreas escolares. Alguns especialistas defendem que o poder público precisa urgentemente repensar estratégias — mas entre o discurso e a prática, sabemos bem qual costuma vencer no Brasil.
Enquanto isso, num cantinho qualquer do Rio, uma mochila de super-herói fica esperando pelo dono que ainda não entende por que o recreio virou um campo minado.