
O coração de Jerusalém parou, mais uma vez, nesta manhã de quinta-feira. Um cenário de caos absoluto se instalou perto de um ponto de ônibus movimentado, onde um ataque violento — sim, outro — ceifou a vida de seis pessoas e deixou feridas pelo menos outras oito. A informação, que correu mais rápido que os próprios socorros, foi confirmada pelos serviços de emergência israelenses. E o medo, aquele velho conhecido dos moradores, voltou a pairar no ar.
E não deu outra. A Brigada de Al-Quds, que basicamente é o braço armado mais robusto da Jihad Islâmica Palestina — e que tem laços estreitos e complicados com o Hamas —, simplesmente apareceu e assumiu a autoria do atentado. Eles soltaram um comunicado, daqueles bem diretos, reivindicando a ação. Disse o grupo, sem meias palavras, que o ataque foi uma resposta, uma retaliação direta à morte de um dos seus líderes num campo de refugiados na Cisjordâlia, alguns dias atrás. Coisa de dias, mesmo.
O método? Dois atiradores. Chegaram de carro, armados até os dentes, e abriram fogo a esmo contra civis desprevenidos que esperavam o transporte. A cena foi dantesca. Dois policiais israelenses que estavam por perto reagiram na hora — e contra-atacaram. No tiroteio que se seguiu, os dois suspeitos foram neutralizados. Morreram no local.
Ah, e detalhe: um dos atiradores era, pasmem, natural do bairro de Silwan, bem ali em Jerusalém Oriental. O outro vinha de Hebron, uma cidade palestina que já vive sob tensão constante. Isso só mostra como a linha entre os territórios, e as lealdades, é tênue e perigosa.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, não perdeu tempo. Já correu para fazer uma visita — rápida, é claro — ao local do ataque. E prometeu uma resposta firme, daquelas que a gente já conhece. “Nós vamos agir de forma decisiva, forte e precisa”, disse ele, com aquela cara de seriedade de sempre. O problema é que ninguém mais duvida, mas também ninguém mais aguenta.
E aí é que a coisa complica. Este é, pasmem, o terceiro atentado do tipo em apenas três semanas em Jerusalém. Três. A violência, longe de dar trégua, só escalou desde o começo do ano — e já soma mais de 30 palestinos mortos. A maioria, segundo as autoridades locais, eram militantes. Mas e os civis? E o povo que só quer viver em paz?
A região vive num ciclo vicioso e interminável de violência e retaliação. Um mata, o outro revida, e assim segue. E no meio disso tudo, quem paga o pato é sempre a população, israelense e palestina, que só quer sossego. A pergunta que fica, e que ninguém responde, é: até quando?