
Imagine trabalhar a vida toda, juntar cada centavo com suor e sacrifício, e ver tudo desaparecer num piscar de olhos. Foi exatamente o que aconteceu com dona Maria*, 74 anos, vítima de um golpe tão bem arquitetado que até quem é esperto poderia cair.
Na terça-feira (23), a aposentada recebeu uma ligação que mudaria sua vida. Do outro lado da linha, uma voz convincente — cheia daquele jargão bancário que a gente até reconhece, mas não entende direito. Disseram ser do "setor de segurança" do banco onde ela tem conta há décadas.
O conto do vigário 2.0
O esquema foi tão bem montado que até faria um roteirista de Hollywood suspirar. Primeiro, o alarme falso: "sua conta está sob risco, senhora". Depois, a urgência fabricada — aquela pressão psicológica que nem dá tempo de respirar. Em questão de horas, os bandidos:
- Convenceram dona Maria de que seus dados foram clonados
- Fizeram ela instalar um "aplicativo de segurança" (que na verdade era um cavalo de Troia)
- Guiaram a idosa, passo a passo, a transferir toda sua economia — R$ 300 mil! — para "contas seguras"
Quando a ficha caiu, já era tarde. O dinheiro — fruto de 40 anos de trabalho como costureira — evaporou feito água no deserto.
A dor que não some com um boletim de ocorrência
"Minha mãe não come direito desde quarta-feira", contou a filha, que pediu para não ser identificada. "Ela tinha esse dinheiro guardado para emergências médicas e para o tratamento do meu pai, que tem Alzheimer."
O caso, registrado na 3ª Delegacia de Polícia Civil de Montes Claros, virou um daqueles que deixam até os investigadores de cabelo em pé. "É impressionante a cara de pau", resmungou um delegado que preferiu não se identificar. "Esses criminosos estudam cada detalhe, desde o tom de voz até o vocabulário bancário."
E aqui vai um dado que dá calafrios: segundo o Banco Central, só no primeiro semestre de 2025, golpes assim renderam R$ 1,2 bilhão aos bandidos. E adivinhe? Quem mais cai são justamente os idosos — aquela geração que ainda acredita na palavra das pessoas.
Como não virar estatística
Se tem uma coisa que esse caso ensina (além de revolta, claro) é que desconfiar virou questão de sobrevivência. Algumas dicas que podem salvar seu suado dinheirinho:
- Nenhum banco liga pedindo senha ou transferência — isso é regra número um, dois e três
- Desconfie de urgências — golpistas adoram criar pânico
- Na dúvida, desligue e ligue você mesmo para o banco (usando o número oficial, não o que te passaram!)
- Instale apps só pela loja oficial — e mesmo assim, pesquise antes
Enquanto a polícia corre atrás desses bandidos (que provavelmente estão rindo à toa em algum lugar), dona Maria tenta reconstruir o que sobrou. "O pior não é o dinheiro", ela disse entre lágrimas. "É saber que existem pessoas capazes de fazer isso com uma velhinha."
*Nome fictício para preservar a identidade da vítima