
Era um dia comum em Ribeirão Preto — até que não era. Dona Marta*, 72 anos, quase caiu no conto do vigário que virou moda entre golpistas: o famigerado "golpe do aniversário". Sabe aquele presente inesperado que chega com cobrança escondida? Pois é.
Dois homens bem-vestidos bateram à sua porta carregando uma cesta de frutas e um envelope. "Parabéns, dona! Ganhou um prêmio de aniversário!", disseram com sorriso de comercial de TV. O problema? Ela nem fazia aniversário naquela semana.
O momento em que a sorte (e a tecnologia) virou o jogo
Quando exigiram o cartão para "liberar o prêmio", a máquina — pasmem — travou. Três vezes. "Até a maquininha tava com vergonha da cara de pau deles", brincou a aposentada depois, ainda com a voz tremendo de adrenalina.
- Primeira tentativa: erro no sistema
- Segunda: senha incorreta (ela nem digitou!)
- Terceira: a bendita simplesmente desligou
Foi aí que o sangue frio de quem já viu muita coisa na vida falou mais alto. "Meninos, vou chamar meu genro que entende dessas coisas" — mentira descarada, já que mora sozinha desde que ficou viúva. Os golpistas saíram tão rápido que deixaram até a cesta de frutas pra trás.
O que dizem os especialistas
Segundo o delegado André Campos, da Delegacia de Crimes Digitais, esse golpe cresceu 140% no interior só este ano. "Eles usam a emoção do presente para distrair a vítima. Quando vê, já passou o cartão no dispositivo clonador".
Dona Marta, que nem smartphone tem, acabou dando aula de esperteza. "Na minha época, presente de graça era só bala de farmácia", filosofou, enquanto devolvia as frutas "presenteadas" ao mercado da esquina — afinal, "não se aceita doce de estranho", como dizia sua mãe.