Grupo criminoso usava redes sociais para expor mulheres: veja como agiam
Grupo criminoso expunha mulheres em SP: como agiam

Imagine receber uma mensagem de um desconhecido que sabe exatamente onde você mora, seus hábitos e até suas inseguranças. Parece filme de terror, mas foi a realidade de dezenas de mulheres em São Paulo.

Um esquema criminoso — que misturava tecnologia e psicologia barata — vinha operando nas entranhas das redes sociais. Os caras agiam como caçadores digitais, compartilhando prints, endereços e até anotações sobre vulnerabilidades emocionais das vítimas.

O método da caça

Não era coisa sofisticada, mas dava um calafrio na espinha:

  • Primeiro, identificavam mulheres em grupos de forró e eventos culturais
  • Rastreavam redes sociais como quem faz trabalho de inteligência
  • Criavam dossiês com endereços, horários de trabalho e até medicamentos que as vítimas usavam

"Eles transformavam a vida particular em alvo fácil", contou uma delegada que preferiu não se identificar. A polícia descobriu conversas onde os criminosos literalmente faziam listas de "fáceis" e "difíceis" — classificando as mulheres como se fossem peças em um jogo perverso.

Falhas que viraram armas

O pior? Muitas dessas informações estavam ali, à vista de todos. Configurações de privacidade relaxadas, check-ins em tempo real, fotos que mostravam placas de carro ou números de apartamento... Os caras não precisavam ser hackers, só oportunistas com tempo de sobra.

Uma vítima, que chamaremos de Ana, contou como descobriu o esquema: "Um cara chegou no meu WhatsApp falando coisas que eu só tinha comentado em grupos privados. Quando vi, tinham até print das minhas conversas".

A queda do grupo

A investigação começou quase por acaso — denúncias esparsas que pareciam casos isolados até alguém conectar os pontos. Quando a polícia invadiu um apartamento na Zona Leste, encontrou:

  1. Quatro celulares com centenas de prints e arquivos
  2. Listas organizadas por bairros e características físicas
  3. Rascunhos de mensagens padronizadas para abordagem

Os investigadores ficaram chocados com a frieza. "Eles tinham um manual não-escrito de como explorar fragilidades", disse um delegado. Algumas vítimas sequer sabiam que estavam sendo monitoradas.

O caso levanta questões urgentes sobre privacidade digital num país onde os crimes cibernéticos avançam mais rápido que a legislação. Enquanto isso, o conselho é velho, mas atual: nas redes sociais, desconfie até da sua sombra.