
Era pra ser mais uma viagem rotineira pela BR-116, no interior baiano. Mas o que os agentes da Polícia Rodoviária Federal encontraram dentro de um caminhão na altura do município de Itapetinga na última segunda-feira (2) foi qualquer coisa, menos rotina.
Imagine só: uma verdadeira arca de Noé ilegal, com 60 aves silvestres — todas elas amontoadas em condições que beiravam o cruel — escondidas junto com uma carga que nada tinha de inocente. A gente fala de rebites de cocaína, aqueles pacotinhos prontos para abastecer o tráfico nas ruas.
O Flagrante e a Apreensão
O motorista, um homem de 37 anos que transitava entre Minas Gerais e a Bahia, deve ter levado o susto da vida quando foi abordado. A PRF, sempre com um faro apurado para coisas que não cheiram bem, decidiu revistar o veículo. E olha, não deu outra.
Além das aves — que incluíam espécies como canários-da-terra, coleiros e até trinca-ferros, verdadeiros tesouros da nossa fauna —, os agentes encontraram nada menos que 92 rebites de entorpecentes. Uma combinação perigosíssima, que mostra como o crime anda de mãos dadas: o tráfico de animais e o de drogas.
Detalhe revoltante: as pobres aves estavam escondidas em compartimentos improvisados, sem ventilação decente, sem água, sem comida. Algumas mal conseguiam se mover. É de cortar o coração, sinceramente.
O Que Acontece Agora?
O motorista foi preso na hora, claro. Ele vai responder por dois crimes gravíssimos: tráfico de drogas e maus-tratos contra animais silvestres (que é, diga-se de passagem, uma prática covarde e inaceitável).
As aves, essas vítimas silenciosas dessa história toda, foram encaminhadas para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS) do IBAMA em Vitória da Conquista. Lá, veterinários especializados vão avaliar a saúde de cada uma. O objetivo — e tomara que consigam! — é reabilitá-las e devolvê-las à natureza, onde nunca deveriam ter saído.
Já os rebites, óbvio, foram apreendidos e vão virar prova num processo que promete ser longo para o motorista.
E Isso é Só a Ponta do Iceberg?
Quem acompanha o noticiário sabe: a BR-116 é um corredor conhecido não só para o transporte legal, mas também para atividades criminosas. A PRF tem feito operações de rotina justamente para coibir esse tipo de coisa — e essa apreensão mostra que o trabalho, ainda que difícil, está rendendo frutos.
É uma luta constante contra quem insiste em tratar a vida selvagem como mercadoria e em alimentar a violência do tráfico. Mas cada apreensão dessas é uma vitória importante. Uma vitória para a lei, para a natureza e para o bom senso.