Numa ação que misturou sorte, preparo e um tanto de intuição, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) fez um daqueles flagrantes que dão orgulho — e revolta. Numa blitz de rotina na BR-116, na altura da Bahia, agentes encontraram 14 aves silvestres escondidas num ônibus. A cena? Digna de filme policial.
Os pássaros — alguns raros, outros nem tanto — estavam amontoados em caixas improvisadas, sem ventilação decente. "Parecia um armário de troféus ilegais", comentou um dos policiais, ainda impressionado com a cara de pau dos envolvidos. Entre as espécies resgatadas, haviam exemplares que, no mercado negro, valeriam uma pequena fortuna.
Operação de resgate
Detalhes que deixam qualquer um de cabelo em pé: as aves estavam sem comida há horas, algumas já desidratadas. "Se a gente não tivesse parado aquele ônibus...", suspira o agente responsável pelo resgate. A PRF, claro, não revelou todos os truques usados para desconfiar do veículo — afinal, não vão entregar o jogo — mas adiantou que foi uma combinação de treinamento e... vamos dizer, "farofa no ventilador".
Os animais foram encaminhados para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS), onde receberam os primeiros cuidados. Agora, o desafio é reintroduzi-los na natureza — processo que pode levar meses, dependendo do estresse causado pelo transporte criminoso.
Quem responde pelo crime?
Eis a pergunta que não quer calar: quem estava por trás desse esquema? A PRF identificou o motorista do ônibus, mas as investigações seguem para desvendar toda a rede. Tráfico de animais silvestres é crime ambiental grave — pode render até um ano de cadeia, além de multa pesada. Mas todo mundo sabe: o que prende mesmo é a ponta do iceberg.
"Essa apreensão é importante, mas é só mais um capítulo numa história muito maior", reflete uma bióloga do CETAS, enquanto examina uma das aves resgatadas. "Enquanto houver comprador, vai ter quem arrisque."
