Operação de Combate às Rinhas: Mais de 100 Galos São Resgatados de Cativeiro Irregular em Lucas do Rio Verde
Mais de 100 galos resgatados de rinha em MT

Era para ser mais um dia comum no interior mato-grossense, mas o que as autoridades encontraram em uma propriedade rural de Lucas do Rio Verde chocou até os agentes mais experientes. Mais de cem galos, muitos deles visivelmente machucados e assustados, viviam em condições absolutamente insalubres – presos em pequenas gaiolas, sem alimentação adequada ou água fresca.

Não era uma criação qualquer. Cada ave tinha um valor no mercado clandestino das rinhas. Algumas valiam centenas, talvez milhares de reais para apostadores que movimentam um circuito obscuro e cruel pelo estado. A operação, que envolveu a Delegacia de Defesa Socioambiental e o GAEMA (Grupo de Atuação Especial do Meio Ambiente), do Ministério Público, agiu sob mandado judicial após investigações sigilosas.

O cenário era desolador: galos com marcas de lutas, penas arrancadas, bicos serrados – uma prática comum para "turbinar" a agressividade dos bichos. Muitos pareciam exaustos, subnutridos. Uma cena que fala por si só sobre a brutalidade desse comércio ilegal.

Além das Aves: Material de Aposta e Violência

Mas não parou por aí. Junto com os animais, os policiais apreenderam uma série de objetos usados para treinamento e realização das brigas. Isso mesmo – havia equipamentos de condicionamento, anotações de apostas e até uma arena improvisada, tudo escondido em um galpão afastado. Uma estrutura montada para lucrar às custas do sofrimento animal.

O dono do local, cujo nome ainda não foi divulgado pela Justiça, foi identificado e deve responder criminalmente. As acusações? Maus-tratos, associação criminosa e envolvimento com rinhas – atividade expressamente proibida pela Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/98).

E Agora, o que Acontece com os Galos?

Boa pergunta. As aves foram levadas para um local sob custódia do Estado e agora recebem os cuidados veterinários necessários. Muitas precisam de tratamento urgente, recuperação nutricional e, claro, um pouco de paz – algo que provavelmente nunca tiveram.

Infelizmente, o destino final desses animais ainda é uma incógnita. Realocar galos de briga não é simples; muitos carregam um instinto agressivo reforçado pela criação cruel. Especialistas em bem-estar animal e ONGs devem ser acionados para avaliar, caso a caso, a possibilidade de adoção ou se alguns terão que permanecer em santuários especializados.

Uma operação como essa joga luz sobre um problema que muita gente acha que é "folclore" ou "tradição". Mas não é. É crime. E dos graves. Movimenta dinheiro, explora animais e corrói a ideia de que somos um país que preza pelo respeito à vida.

Para Lucas do Rio Verde, um município que vive do agronegócio e convive diariamente com animais de produção, o caso serve como um alerta: criação legal, com bem-estar e respeito, é uma coisa. Exploração cruel e clandestina é outra completamente diferente.

E a pergunta que fica é: quantos outros galpões como esse ainda operam escondidos pelos interiores do Brasil?