
Imagine acordar e descobrir que a torneira secou. Não é ficção – é a realidade que se aproxima no Piauí, onde os reservatórios estão virando pó. A situação tá feia, e o governo corre contra o tempo para evitar o pior.
Água que não chega
O Fartura, principal sistema de abastecimento de Teresina, tá com os dias contados. Os números assustam: capacidade abaixo de 15%, e o calorão de julho só piora tudo. "É como tentar encher uma piscina com copo d'água", desabafa um técnico da Agespisa, que pediu pra não ser identificado.
Enquanto isso, nos bairros periféricos, a população já sente no pele o problema. Dona Maria, 62 anos, conta que fica até 3 dias sem água: "Antes reclamava da conta, hoje só quero ver o líquido sair da torneira".
Solução na Bahia
Eis que entra em cena um plano ousado – pegar carona na Adutora do São Francisco, aquela megaobra que já abastece parte do Nordeste. A ideia? Construir um ramal de 45km ligando Campo Largo (BA) ao Piauí. Parece simples, mas...
- Orçamento preliminar: R$ 120 milhões (e olhe lá)
- Prazo estimado: 18 meses (se tudo der certo)
- Burocracia envolvida: suficiente pra encher vários reservatórios
O governador Rafael Fonteles (PT) já acionou o Ministério da Integração Nacional. "É corrida contra o relógio", admitiu em reunião fechada, segundo fontes do palácio.
E enquanto a obra não sai?
Enquanto o ramal não vira realidade – se é que vai virar –, o estado aposta em medidas paliativas:
- Rodízios mais rigorosos (preparem os baldes)
- Poços emergenciais (alguns já salgados demais)
- Campanhas de conscientização (que ninguém parece ouvir)
Especialistas alertam: "Isso é só o começo. Com as mudanças climáticas, vai piorar", dispara a hidróloga Ana Cláudia, da UFPI. Ela tem um ponto – nos últimos 5 anos, as chuvas ficaram 30% abaixo da média.
E você, já pensou no que faria se a água acabasse amanhã? No Piauí, essa pergunta saiu do campo da hipótese faz tempo. Resta torcer – e cobrar – para que as soluções cheguem antes que os reservatórios sequem de vez.