
Parece que finalmente colocaram a mão na massa – ou pelo menos no papel. O Ministério do Meio Ambiente soltou um plano que, se dependesse só da boa vontade, seria revolucionário. A ideia? Reduzir a zero, repito, zero o desmatamento ilegal na Amazônia Legal até 2030. E não para por aí: a meta global é ainda mais ousada, cortando em 90% toda a área desmatada, legal ou não.
João Paulo Capobianco, o secretário-executivo do ministério, não ficou de rodeios. Ele admitiu, com uma franqueza que até assusta, que o governo anterior foi um desastre completo. "A gente herdou uma situação crítica, com índices de desmatamento nas alturas", disparou. A sensação é de que estão tentando apagar um incêndio com uma mangueira de jardim.
Os Números que Assustam (e os que Dão Esperança)
Vamos aos dados, porque sem eles é tudo conversa fiada. O plano traça um caminho cheio de degraus. A primeira parada é 2025, com uma queda de 50% na área total desmatada. Dois anos depois, em 2027, o corte sobe para 75%. Até chegar no grande objetivo final, em 2030, com a redução daqueles espantosos 90%.
Mas calma, não é só de promessas que se faz um plano. Eles detalharam como pretendem chegar lá. A lista é longa e soa bem no papel:
- Fortalecer de vez aqueles famosos (e às vezes esquecidos) órgãos de controle, como o Ibama e o ICMBio.
- Destravar de uma vez por todas a implementação do CAR (Cadastro Ambiental Rural). Isso aqui é crucial para separar o joio do trigo, quem pode desmatar daqueles que estão passando completamente da conta.
- Investir pesado em monitoramento por satélite. Big Brother, mas para salvar a floresta.
- Criar alternativas econômicas reais para quem vive na região. Porque no final das contas, ninguém desmata por maldade pura, mas muitas vezes por pura necessidade.
O Elefante na Sala: A Governança
Aqui é que a coisa complica. Capobianco jogou a real: o maior desafio não é a tecnologia, não é o dinheiro. É a governança. Coordenar um monte de entes federados – União, estados, municípios – que nem sempre conversam entre si é como tentar dirigir um carro com dez pessoas no volante.
Sem uma ação integrada, esquece. O desmatamento simplesmente migra de um estado para o outro, como um jogo de empurra-empurra ambiental. É um quebra-cabeça gigante, e faltam peças.
O plano é ambicioso, sem dúvida. Quase um sonho. Mas entre o papel e a realidade da Amazônia existe um abismo. Será que desta vez vai ser diferente? A floresta – e o mundo – torcem para que sim.