
Parece uma daquelas notícias que a gente lê com um suspiro de alívio, né? Mas segura a empolgação. O relatório anual 'Retrato da Qualidade da Água nas Bacias Hidrográficas da Mata Atlântica', divulgado pela SOS Mata Atlântica, traz um dado que, à primeira vista, é animador: a famigerada mancha de poluição que assola o Rio Tietê encolheu. E não foi pouco: uma redução de 15,8% no último ano.
Isso significa que o trecho considerado 'péssimo' – aquele onde a água é praticamente um caldo negro e sem vida – caiu de 122 km para 102,6 km. Um avanço, sem dúvida. Quem diria, hein? Depois de tantas décadas de descaso, ver um número assim até dá um quentinho no coração.
Não é Hora de Bater Palmas Ainda
Mas é aí que a gente precisa pisar no freio. Gustavo Veronesi, coordenador do estudo, joga um balde de água gelada (nem tão gelada assim, considerando a temperatura do Tietê) no otimismo exagerado. Ele é categórico: "O rio continua vulnerável e ainda convive com trechos de água morta". A sensação é de que ele está no UTI, saindo daquele coma profundo, mas longe de receber alta.
O estudo é meticuloso. Foram 301 pontos de análise espalhados por 121 rios, de 61 municípios paulistas. A equipe percorreu um trajeto de 6,5 mil quilômetros entre março de 2024 e fevereiro de 2025. Trabalho de formiguinha, mas essencial.
Onde Está o Perigo Agora?
O relatório mapeou os pontos críticos, e a situação mais preocupante se concentra na região metropolitana de São Paulo. Os piores índices, aquele nível 'péssimo' que a gente comenta, foram registrados em:
- Trechos dos rios Tietê e Tamanduateí
- Córrego Taboão, em São Bernardo do Campo
- Rio Jundiaí, em Franco da Rocha
Ou seja, o problema migrou, mas não desapareceu. É como apertar um balão cheio de água suja: você resolve num lugar, mas ela escorre para outro.
E Tem Gente Nadando Nisso?
Incrivelmente, sim! O estudo encontrou algo que beira o inacreditável: pontos de água considerada 'ruim' sendo usados para natação e pesca amadora. Em cidades como Barueri, Carapicuíba, Itu e Santana de Parnaíba, a população ainda se arrisca nessas águas duvidosas. Uma roleta-russa ambiental, pra dizer o mínimo.
O que mais preocupa os especialistas é a instabilidade. Um rio que oscila entre condições 'regular' e 'ruim' é um rio doente, que pode piorar a qualquer momento. Uma chuva mais forte, um vazamento não tratado, e a situação volta à estaca zero. A recuperação é frágil. Muito frágil.
O veredito final? Houve progresso, claro. Mas é um progresso que exige vigilância constante e investimentos que não podem parar. O Tietê respira, mas ainda precisa de aparelhos para se manter vivo. A luta continua, e a torcida é para que no próximo relatório a gente possa comemorar de verdade.