Belém se transformou no epicentro das discussões climáticas globais nesta sexta-feira (7), quando líderes mundiais participaram da tradicional foto de família da Cúpula de Líderes da COP30. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ocupou posição central no registro histórico, cercado por chefes de Estado e representantes de nações convidadas para o encontro prévio à Conferência do Clima da ONU.
Evento estratégico reúne mais de 140 delegações
Organizada pela Presidência brasileira, a cúpula reúne governantes, vice-presidentes e ministros de aproximadamente 140 países. Diferentemente de edições anteriores em Glasgow (2021) e Dubai (2023), os organizadores optaram por realizar o encontro de líderes antes da abertura oficial da COP30, que ocorrerá entre 10 e 21 de novembro.
Segundo o Itamaraty, o objetivo é dar direção política às negociações sem caráter deliberativo. "A cúpula não é deliberativa. O que é deliberativo é a COP. Não há ideia de documento final na cúpula", explicou o embaixador Maurício Lyrio, secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente.
Fundo Florestal recebe aporte bilionário
Um dos anúncios mais significativos do evento foi a confirmação de novos investidores no Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF). A Noruega se destacou com o maior aporte: US$ 3 bilhões. No total, o fundo já conta com promessas de investimento que somam US$ 5,5 bilhões.
O mecanismo financeiro adota modelo inovador:
- Meta de captação de US$ 125 bilhões
- Combina aportes de países com emissões de títulos
- Utiliza alavancagem financeira para multiplicar capital inicial
- Recursos aplicados em ativos globais de renda fixa
- Rendimento excedente remunera países que preservam florestas
O fundo priorizará nações com grandes áreas tropicais, como Brasil, Indonésia e República Democrática do Congo, garantindo que pelo menos 20% dos recursos sejam destinados a povos indígenas e comunidades locais.
Presenças e ausências notáveis
Entre os 57 chefes de Estado e governo confirmados, destacam-se o presidente francês Emmanuel Macron, o líder sul-africano Cyril Ramaphosa e o primeiro-ministro britânico Keir Starmer. Também participam o presidente do Conselho Europeu António Costa, a presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen e o Príncipe William, representando o rei Charles III.
As ausências chamaram igual atenção: Donald Trump (EUA), Xi Jinping (China) e Javier Milei (Argentina) não participam do encontro. Os Estados Unidos não enviaram representantes políticos de alto escalão, enquanto a China, maior emissora de gases de efeito estufa do mundo, deve mandar apenas delegação técnica.
Agenda climática ambiciosa
As discussões da cúpula se organizam em três mesas temáticas principais. A primeira, dedicada a florestas e oceanos, serviu para Lula apresentar oficialmente o TFFF. A segunda sessão abordará a transição energética, com metas como triplicar a capacidade global de energias renováveis até 2030 e consolidar o Compromisso de Belém pelos Combustíveis Sustentáveis.
A terceira mesa fará balanço dos dez anos do Acordo de Paris e discutirá o financiamento climático através do Roteiro Baku-Belém, que pretende mobilizar US$ 1,3 trilhão anuais até 2035.
A escolha de Belém como sede tem significado simbólico importante, marcando a primeira vez que uma Cúpula de Líderes climáticos ocorre no coração da Amazônia, reforçando o papel central da região nas discussões sobre meio ambiente e desenvolvimento sustentável.