Frigorífico é denunciado por poluir Rio Salgadinho e causar danos ambientais em Juazeiro do Norte
Frigorífico contamina Rio Salgadinho no CE; moradores denunciam

Imagine acordar com um cheiro tão forte que parece que alguém está literalmente podrendo o rio da sua cidade. É exatamente isso que os moradores do bairro João Cabral, em Juazeiro do Norte, enfrentam há meses — e a situação, pasmem, só piora.

O que era pra ser o Rio Salgadinho, curso d'água que corta parte da região do Cariri, virou praticamente um esgoto a céu aberto. E o suposto culpado? Um frigorífico local que, segundo a população, despeja seus efluentes industriais diretamente no leito do rio. Não é de hoje não — a coisa vem de longe, mas agora a paciência simplesmente acabou.

Cheiro insuportável e água escura: o dia a dia de quem vive perto

"É um odor que gruda na roupa, na pele, até na alma", desabafa uma moradora que preferiu não se identificar. Ela teme represálias, e não é à toa. A água, que antes seguia seu curso normalmente, agora aparece escura, com espuma e — pasme — até restos de materiais orgânicos vindos do abatedouro.

Não é exagero. Vários moradores relataram à reportagem que o problema se arrasta desde o início do ano, mas a intensidade aumentou drasticamente nas últimas semanas. Crianças que brincavam perto do rio agora são orientadas a ficar longe. Tem gente que já nem abre a janela de casa.

Fiscalização e ausência do poder público

Agora, a pergunta que não quer calar: cadê a fiscalização? Pois é. A Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) foi acionada, mas até agora — surpresa! — nada de concreto. Os moradores fizeram vídeos, registraram boletins de ocorrência e seguem esperando uma ação efetiva.

Ah, e não para por aí. Tem ainda o risco de contaminação do lençol freático, porque a região é de solo permeável. Traduzindo: a sujeira pode infiltrar e afetar poços e nascentes que abastecem parte da cidade. Um perigo silencioso e, convenhamos, negligenciado.

E o frigorífico? Calado até agora.

Procurada, a empresa simplesmente não se manifestou. Nada. Silêncio total. Enquanto isso, a comunidade se organiza — e a tendência é que a pressão aumente. Já circulam até abaixo-assinados online pedindo a intervenção do Ministério Público Estadual.

Uma coisa é certa: ninguém mais aguenta ver o rio — que já foi fonte de vida e até de lazer — se transformar num depositório de resíduos industriais. O povo quer resposta. E água limpa, claro.