Um evento realizado no Parque Estadual de Dois Irmãos, localizado na Região Metropolitana do Recife, tem gerado forte repercussão nas redes sociais e entre ambientalistas. A utilização de fogos de artifício durante as comemorações no último final de semana levantou questões importantes sobre o impacto dessas atividades em áreas de conservação ambiental.
Impacto direto na fauna local
Segundo o biólogo Yuri Marinho, especialista em comportamento animal, os estampidos e flashes luminosos dos fogos de artifício causam estresse severo nos animais que habitam tanto o parque quanto o zoológico vizinho. "Muitas espécies possuem audição muito mais sensível que a humana, e a poluição sonora pode provocar desde ataques cardíacos até alterações comportamentais duradouras", explica o especialista.
Problemas identificados pelos especialistas
- Alteração nos ciclos naturais de sono e alimentação dos animais
- Risco de abortos em fêmeas gestantes devido ao estresse
- Comportamento de fuga que pode levar a acidentes e ferimentos
- Interferência na comunicação entre animais da mesma espécie
Contradição com objetivos de conservação
O Parque Estadual de Dois Irmãos é uma unidade de conservação de proteção integral, categoria que tem como objetivo principal preservar a biodiversidade. A realização de eventos com fogos de artifício neste local representa uma contradição direta com sua função ambiental.
"Quando criamos uma unidade de conservação, assumimos o compromisso de proteger os ecossistemas e as espécies que ali vivem. Atividades que geram esse nível de perturbação ambiental vão na contramão dessa missão", afirma Marinho.
Busca por alternativas sustentáveis
Especialistas sugerem que eventos em áreas protegidas deveriam priorizar formas de celebração menos impactantes, como:
- Show de luzes sem estampidos
- Projeções mapeadas
- Espetáculos de drones luminosos
- Atividades culturais diurnas
A polêmica reacende o debate sobre como conciliar o uso público de unidades de conservação com a proteção efetiva da biodiversidade, um desafio que gestores públicos precisam enfrentar com urgência.