
Quem disse que salvar o planeta é coisa de adulto? Em Itaparica, um projeto tá virando o jogo — e colocando as crianças na linha de frente da proteção dos manguezais. E olha que ideia simples, mas genial: ensinar desde cedo o valor desses ecossistemas que são verdadeiros berçários da vida marinha.
Imagine só: turminhas de 8 a 12 anos, de pés descalços na lama, aprendendo na prática como funcionam esses labirintos de raízes. "É tipo uma aula de ciências, só que mil vezes melhor", conta João Pedro, 10 anos, enquanto aponta para um caranguejo que acabou de encontrar.
Mão na massa — ou melhor, na lama
O projeto não fica só na teoria. Toda semana tem mutirão de limpeza, monitoramento das espécies e até replantio de mudas. "A gente vira 'doutor dos mangues'", brinca Maria Clara, 9 anos, mostrando orgulhosa sua cadernetinha de anotações cheia de desenhos de aves migratórias.
Os educadores usam uma abordagem que mistura:
- Brincadeiras tradicionais (sim, até pega-pega tem versão ecológica)
- Técnicas científicas adaptadas para os pequenos
- Contação de histórias que os avós da ilha ainda lembram
E o resultado? Crianças que sabem diferenciar um mangue vermelho de um branco antes mesmo de aprender tabuada. "Minha filha agora me dá sermão quando eu jogo lixo no lugar errado", ri Dona Marta, mãe de uma das participantes.
Por que isso importa — e muito
Os manguezais da Baía de Todos os Santos são vitais para:
- Proteger a costa contra erosão e mudanças climáticas
- Manter os estoques pesqueiros que alimentam a região
- Filtrar poluentes antes que cheguem ao mar
Mas aqui vai o pulo do gato: ao envolver as crianças, o projeto garante que esse conhecimento não se perca. "São eles que vão cobrar dos políticos daqui a 20 anos", observa o biólogo Marcelo Rocha, um dos idealizadores.
E tem mais — o negócio tá fazendo sucesso até fora da ilha. Algumas escolas de Salvador já entraram em contato querendo adaptar a metodologia. Quem diria que a solução para salvar nossos mangues poderia estar nas mãos (pequenas) das crianças?