Bacia do Rio Doce Ganha Fundo Bilionário: Conselho Toma as Rédeas de R$ 5 Bi para Recuperação
Conselho gerirá fundo de R$ 5 bi para Bacia do Rio Doce

Parece que a tão aguardada virada de página para a Bacia do Rio Doce está, finalmente, ganhando contornos mais concretos. E não é pouco dinheiro que chega para tentar reescrever essa história: a bagatela de cinco bilhões de reais. Quem diria, não é mesmo?

O ponto central dessa novela toda – que já dura quase uma década – é a criação de um conselho gestor. Mas não é qualquer conselho. Imagine uma mesa gigante onde se sentam, lado a lado, representantes do governo federal, dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, municípios atingidos, universidades, comitês de bacias e, crucialmente, a própria sociedade civil organizada. Uma verdadeira torre de Babel com um objetivo em comum: decidir o destino dessa fortuna.

Um Longo Caminho até Aqui

É impossível falar desse fundo sem voltar àquele novembro de 2015. A lama que desceu de Mariana não arrastou apenas vidas e sonhos; deixou uma ferida ambiental de proporções quase inimagináveis. O acordo judicial que estabeleceu essa compensação financeira foi, na época, visto com desconfiança por muitos. Afinal, dinheiro algum paga uma perda daquelas. Mas é inegável que sem ele, a situação poderia ser ainda mais desoladora.

O que muda agora, na prática? Bom, antes, os recursos tinham uma gestão mais fragmentada. Agora, com um colegiado permanente e com um regimento interno a ser definido – a previsão é que saia em até 90 dias –, a esperança é que as ações ganhem foco, agilidade e transparência. A governança, como se diz por aí, deixa de ser uma palavra de power point e vira realidade.

O que Esperar dos Próximos Capítulos?

O leque de possibilidades para aplicar esses R$ 5 bi é vastíssimo. A gente pode estar falando de coisas como:

  • Recomposição florestal em áreas que viraram um deserto de lama.
  • Programas de saneamento básico para as cidades ribeirinhas que ainda sofrem com a qualidade da água.
  • Fomento a projetos de pesquisa científica para monitorar a recuperação da biodiversidade ao longo dos anos.
  • Apoio a iniciativas econômicas sustentáveis para as comunidades locais, que tanto precisam se reerguer.

Claro, sempre há um mas. O diabo mora nos detalhes, e o sucesso dessa empreitada colossal vai depender de uma coisa simples, porém rara: o verdadeiro diálogo entre todas as partes envolvidas. Será que vão conseguir?

O que se vê é um misto de cautela e expectativa. Por um lado, é um marco importante, um sinal de que a justiça, ainda que tardia, está se movendo. Por outro, a memória do desastre ainda é muito viva, e a desconfiança em promessas grandiosas é compreensível. Só o tempo – e uma gestão impecável – dirão se esse fundo será, de fato, o divisor de águas que a Bacia do Rio Doce merece.