Cidades do RJ entram no mapa do semiárido brasileiro: o que isso significa para a região?
Cidades do RJ entram no mapa do semiárido brasileiro

Parece que o mapa do Brasil acaba de ganhar novas cores – e não é só metáfora. Alguns municípios do interior fluminense, aqueles que a gente nem imaginaria, agora estão oficialmente no mapa do semiárido brasileiro. A notícia pegou muitos de surpresa, mas quem vive na região sabe: a coisa já tava esquentando faz tempo.

O decreto saiu discretamente, como quem não quer assustar, mas a mudança é significativa. Cidades como Itaperuna, Porciúncula e Varre-Sai – onde o café sempre foi rei – agora terão que se adaptar a uma nova realidade climática. E olha, não vai ser moleza.

O que muda na prática?

Primeiro, vamos ao óbvio ululante: mais verba federal. Municípios semiáridos têm acesso a linhas de crédito especiais e programas de desenvolvimento. Mas calma lá, não é festa ainda. Com o rótulo de semiárido vem:

  • Restrições no uso da água (adeus, desperdício)
  • Necessidade de adaptação das lavouras (o cafezal pode dar lugar a culturas mais resistentes)
  • Investimento pesado em infraestrutura hídrica

Os agricultores da região estão divididos. Enquanto uns veem oportunidades – "finalmente vamos ter acesso a recursos pra irrigação", comemora João da Silva, de Itaperuna –, outros temem pelo futuro das culturas tradicionais. "Meu avô plantava café aqui, meu pai plantava café, e agora vão me dizer que a terra mudou?", questiona Roberto Mendes, herdeiro de uma fazenda centenária.

O clima não perdoa

Os números não mentem: nos últimos 10 anos, a região registrou índices pluviométricos típicos do Nordeste semiárido. Choveu menos que o esperado em 8 dos últimos 10 anos – e quando chove, parece um dilúvio bíblico que logo evapora. A terra, antes úmida e fértil, agora racha sob o sol implacável.

Os cientistas climáticos já vinham alertando há tempos. "É a expansão do semiárido acompanhando as mudanças climáticas globais", explica a Dra. Ana Beatriz, climatologista da UFRJ. "O que era exceção virou regra."

E agora, José? Bom, a adaptação será crucial. Culturas como o sorgo e o milho resistente à seca podem ganhar espaço. Tecnologias de irrigação por gotejamento – antes artigo de luxo – se tornam necessidade básica. E o pequeno produtor, aquele que mal sabe usar smartphone, vai ter que aprender rápido.

Uma coisa é certa: o interior do RJ nunca mais será o mesmo. Resta saber se essa mudança trará desenvolvimento ou apenas mais desafios para uma região que já enfrenta tantos. O tempo – e o clima – dirão.