
Não é exagero dizer que a torneira secou — literalmente. Enquanto o termômetro dispara no Acre, os níveis do reservatório que abastece um dos municípios do estado despencaram a patamares históricos. Tão críticos que a prefeitura não teve escolha: decretou estado de emergência nesta segunda-feira (11).
"A situação é desesperadora", confessa Maria Souza, dona de um pequeno restaurante que já reduziu o horário de funcionamento. "Se não chover logo, nem sei como vamos continuar." E ela não está exagerando. O volume útil do reservatório está abaixo dos 15%, um número que faz até os mais otimistas franzirem a testa.
O que levou a essa situação?
Três fatores se combinaram como uma tempestade perfeita:
- A estiagem mais prolongada dos últimos 7 anos
- O aumento do consumo (a população cresceu 22% na última década)
- Falta de investimentos em infraestrutura hídrica
Enquanto isso, caminhões-pipa fazem fila dupla na sede da prefeitura. "Estamos priorizando hospitais e escolas", explica o secretário municipal de Meio Ambiente, visivelmente cansado. "Mas a demanda é três vezes maior que nossa capacidade."
E agora?
As medidas emergenciais incluem:
- Rodízio rigoroso no abastecimento (48h com água, 72h sem)
- Multa para desperdício
- Poços artesianos de emergência sendo perfurados
Mas será suficiente? Alguns moradores já falam em "êxodo hídrico" — famílias inteiras mudando temporariamente para cidades vizinhas. "Minha irmã foi embora ontem com os filhos", conta o aposentado João Batista. "Diz que voltará quando a chuva chegar."
O problema é que, segundo os meteorologistas, essa tal chuva pode demorar. As previsões não são animadoras: pelo menos mais 20 dias de tempo seco pela frente. Enquanto isso, o reservatório continua minguando, gota a gota.