
Quando o ar fica seco e o mato parece uma palha pronta para pegar fogo, tem um truque antigo que os bombeiros e agricultores conhecem bem. São faixas de terra raspada, sem um galho sequer, que funcionam como barreiras naturais contra as chamas. Chamam isso de aceiros — e não é nenhuma novidade, mas muita gente ainda não sabe como eles podem ser decisivos.
Como essas "cicatrizes" no terreno salvam vidas
Imagine um incêndio avançando vorazmente pela vegetação seca. De repente, encontra um caminho vazio, sem combustível para queimar. É aí que o fogo perde força — ou pelo menos é contido até a chegada dos profissionais. Funciona como aquela pausa estratégica num jogo de xadrez, só que com fogo real.
Os aceiros podem ser feitos de três jeitos:
- Manual: Enquanto uns roçam, outros varrem — trabalho duro, mas preciso
- Mecânico: Tratores fazendo o serviço pesado em áreas maiores
- Controlado: Usando fogo contra o fogo, técnica que exige mão experiente
"Isso aqui é arte", diz bombeiro com 15 anos de campo
"Tem que saber ler o vento, o terreno, a umidade", explica um veterano do Corpo de Bombeiros de Sorocaba, enquanto mostra cicatrizes de queimadas passadas. "Quando feito direito, o aceiro vira uma espécie de estacionamento para o fogo — ele chega ali e para."
Mas atenção: não é só abrir uma clareira qualquer. A largura ideal varia — pode ser de 3 metros em pequenas propriedades até 20 metros em áreas críticas. E o timing? Crucial. Melhor fazer antes da seca apertar, quando o solo ainda tem um pouco de umidade.
Por que isso importa mais do que nunca
Com as mudanças climáticas encurtando as estações chuvosas, os especialistas alertam: técnicas preventivas como os aceiros deixaram de ser opcionais. Só no último ano, áreas protegidas por essas faixas estratégicas tiveram 60% menos danos por incêndios — número que fala por si.
Claro, não é solução mágica. Precisa vir junto com educação ambiental e fiscalização. Mas enquanto tecnologias caras demoram para chegar, esse método quase ancestral — que os indígenas já usavam, diga-se — continua salvando biomas e comunidades rurais.
E você? Já tinha ouvido falar nessa estratégia simples que faz diferença gigante? Pois é, as melhores soluções muitas vezes estão bem diante do nosso nariz — ou, nesse caso, sob nossos pés.