Ex-prefeito e município condenados por lixão a céu aberto: danos ambientais geram multa milionária
Ex-prefeito e município condenados por lixão irregular

Imagine um terreno que mais parece um cenário pós-apocalíptico: montanhas de lixo se acumulando ao relento, chorume escorrendo como veneno pela terra, e um cheiro que gruda na garganta. Foi exatamente esse cenário dantesco que levou a Justiça do Tocantins a bater o martelo contra um ex-prefeito e a prefeitura de seu município.

A decisão judicial — dura como a realidade do local — chegou depois de anos de denúncias que pareciam cair no esquecimento. O tal lixão a céu aberto, que teimava em existir às margens da cidade, virou um retrato falado do descaso. E olha que não faltaram avisos!

O preço da negligência

Os números da condenação falam por si: uma multa que beira os R$ 500 mil, dividida entre o ex-gestor e os cofres públicos. Valores que, convenhamos, não chegam perto do estrago causado ao meio ambiente. A área, que deveria ser protegida, virou um laboratório a céu aberto de contaminação — solo, água e ar intoxicados pela má gestão.

"É como se tivessem empurrado o problema com a barriga até não dar mais", comenta um morador da região que prefere não se identificar. E ele tem razão: as provas colhidas em vistorias técnicas mostravam um verdadeiro festival de irregularidades:

  • Resíduos hospitalares misturados a restos de comida
  • Animais mortos em decomposição
  • Até eletrônicos velhos vazando metais pesados na natureza

E agora, José?

A sentença não se limitou a abrir a carteira dos réus. Determinou também — e isso é o mais importante — a imediata desativação do lixão e a recuperação ambiental da área. Só que aqui entra aquela velha dúvida: será que o município tem estrutura para cumprir?

Especialistas ouvidos pelo caso são categóricos: "Desativar é o fácil. Difícil será reparar anos de danos acumulados", alerta uma bióloga que acompanha o caso. O solo, intoxicado por tanto tempo, pode levar décadas para se recuperar. E as nascentes próximas? Melhor nem pensar.

Enquanto isso, a população local fica no fogo cruzado — entre o risco sanitário e a sensação de que a justiça, embora tardia, pelo menos chegou. Resta saber se essa condenação servirá de exemplo para outros municípios que ainda tratam o lixo como um problema invisível.