Leilão do Túnel Santos-Guarujá: Obra Histórica com Lances a Partir de R$ 3,8 bi nesta Sexta
Leilão do Túnel Santos-Guarujá: lances a partir de R$ 3,8 bi

É amanhã. Depois de tantos adiamentos — quem acompanha as crônicas das obras públicas sabe como é — a tão aguardada licitação do Túnel Subaquático entre Santos e Guarujá, na Baixada Santista, finalmente acontece. A bolsa de valores de São Paulo será o palco, a partir das 10h, de um daqueles leilões que a gente só vê de longe em tempos de vacas magras.

E olha, o valor não é pouco: R$ 3,86 bilhões é o lance mínimo, uma grana preta que só mesmo consórcios pesados devem ter coragem (e capital) para oferecer. Quem ganhar, leva não só o direito de construir o túnel, mas de explorá-lo por nada menos que 35 anos. Quase uma vida.

Não é só furar o oceano e pronto

Parece simples, mas a coisa é bem mais embaixo — literalmente. O projeto inclui a construção de um túnel com cerca de 2 km sob o estuário de Santos, ligando as duas cidades e prometendo acabar com aquele perrengue diário de depender das balsas. Mas tem mais: também entra na conta a duplicação de um trecho da SP-055, a Imigrantes, e a gestão operacional de tudo isso por décadas.

Uma maratona, não um sprint. E com direito a pedágio, claro.

Quem banca? Quem fiscaliza?

O governo do estado, por meio da ARTESP (a agência de transportes), e a União, via ANTT, dividem a responsabilidade pela concessão. É um modelo híbrido, desses que virou moda nos últimos anos para tentar atrair o setor privado para obras que o poder público sozinho não consegue tocar.

E acredite: a expectativa é altíssima. Afinal, estamos falando de uma região metropolitana estratégica, com o maior porto da América Latina, e um tráfego que só aumenta. A pressão logística e a necessidade de mobilidade são urgentes.

Não à toa, o edital permite que o valor do pedágio seja reajustado anualmente pela inflação — o famoso IPCA. Uma garantia contra a desvalorização, mas que sempre preocupa quem paga a conta no final do mês.

E se ninguém aparecer?

Boa pergunta. Caso o leilão não atraia interessados — algo que ninguém no Planalto e no Palácio dos Bandeirantes quer nem pensar —, a União entra em cena. Sim, o Tesouro Nacional pode bancar a obra por meio do Programa de Incentivo ao Transporte Rodoviário (Pro-Tráfego). Um plano B caro, mas existente.

Mas a aposta geral é que vai rolar. O mercado anda ávido por boas oportunidades de infraestrutura, e um projeto desse porte, numa região tão crítica, é raridade.

O resultado? Só amanhã, ao vivo, no canal da B3. Fique de olho. Pode ser o início de uma revolução no trânsito da Baixada — ou mais um capítulo da novela «obras que não saem do papel». Torcemos para a primeira opção.