
Era só mais um dia comum no movimentado sistema de esgoto de Balneário Camboriú — até que um trabalhador da manutenção se deparou com algo que tirou o fôlego até do mais experiente dos funcionários. Lá, entre a sujeira e os detritos, um pequeno jacaré-de-papo-amarelo lutava para sobreviver.
"Parecia um brinquedo perdido, mas quando mexeu, quase caí para trás", contou o homem, que preferiu não se identificar. O filhote, que mal chegava a 30 centímetros, estava visivelmente debilitado. (E quem não ficaria, depois de passar quem sabe quanto tempo naquela situação?)
Operação de resgate mobiliza especialistas
O que se seguiu foi uma verdadeira operação de guerra. Biólogos da região, a Polícia Ambiental e até bombeiros foram acionados. "Não é todo dia que encontramos um jacaré dessa espécie — muito menos um filhote — em condições tão críticas", explicou a bióloga Mariana Torres, que coordenou o resgate.
O animal, que deveria estar em áreas alagadas ou manguezais, provavelmente foi vítima do avanço urbano sobre seu habitat natural. "É triste, mas cada vez mais comum", lamentou um dos agentes ambientais, enquanto enxugava a lama das botas.
Espécie protegida e em risco
O jacaré-de-papo-amarelo (Caiman latirostris) é considerado vulnerável em Santa Catarina — e encontrar um filhote assim é raríssimo. "Esse aí é um verdadeiro sobrevivente", comentou um veterinário que acompanhou o caso, enquanto examinava o pequeno réptil.
Depois de uma avaliação minuciosa (e alguns cuidados básicos), o filhote foi encaminhado para um centro de reabilitação. Lá, vai receber tratamento especializado antes de — quem sabe — ser reintroduzido na natureza.
E agora? A história poderia terminar aqui, mas serve de alerta: com o crescimento desordenado das cidades, cenas como essa podem se tornar cada vez mais frequentes. Fica a reflexão.