
Quem passou pela 54ª Expofeira do Amapá neste ano deve ter notado algo diferente – e não foi só a qualidade do açaí ou a animação dos rodeios. Nos bastidores, uma verdadeira revolução silenciosa estava em curso, transformando o que seria lixo em pura oportunidade.
Imagine só: garrafas de vidro quebradas, restos de construção, plásticos... tudo isso, que normalmente acabaria em um aterro, ganhando nova vida. E o melhor: gerando renda para as mãos talentosas de artesãos locais. Não é fantasia, é projeto real e de resultado palpável.
Do lixo ao luxo: a magia da transformação
O projeto, uma parceria do Governo do Estado com a Secretaria do Meio Ambiente (Sema), não ficou só no discurso. Eles montaram uma estrutura dedicada, uma Central de Resíduos Sólidos, que funcionou durante todos os onze dias do evento. O objetivo? Triar, separar e direcionar tudo o que era descartado.
O vidro, por exemplo, seguiu para a Associação de Catadores de Materiais Recicláveis (Ascamp). Lá, virou matéria-prima para peças de artesanato surpreendentes. De copos e vasos decorativos a verdadeiras obras de arte. O que era caco vira cultura, vira sustento, vira história.
E os números impressionam: mais de 140 toneladas de resíduos sólidos foram coletadas. Desse total, quase 20 toneladas eram de materiais recicláveis. É muita coisa saindo do lixo e entrando no ciclo econômico de novo.
Muito mais que reciclagem: é educação ambiental na veia
O projeto foi esperto. Não se limitou a recolher o lixo. Ele educou. Visitantes, expositores, todo mundo foi envolvido numa campanha de conscientização. A mensagem era clara: cada um faz sua parte, e o resultado beneficia a comunidade inteira.
“A gente quer mudar a mentalidade das pessoas”, comentou um dos organizadores, com aquele brilho nos olhos de quem acredita no que faz. “Mostrar que o descarte correto não é um favor, mas um investimento no futuro de todos.” E deu certo. A adesão foi massiva.
O legado que fica: renda, sustentabilidade e um novo jeito de pensar
O final da feira não é o fim da história. Longe disso. O material reciclado abasteceu associações, fomentou o artesanato local e injetou dinheiro na economia. É a tal economia circular funcionando na prática, na terra firme do Amapá.
Projetos como esse são um sopro de esperança. Provam que é perfeitamente possível aliar desenvolvimento, cultura e preservação ambiental. Que o sucesso desta edição sirva de inspiração – não só para as próximas Expofeiras, mas para eventos por todo o Brasil.
Afinal, o futuro é circular. Ou não é.