Fogo Expõe Crime Ambiental: Desmatamento e Obra Ilegal em Área de Restinga em Cabo Frio
Incêndio expõe desmatamento ilegal em restinga de Cabo Frio

Um incêndio de grandes proporções queimou cerca de 10 hectares de restinga em Cabo Frio, na Região dos Lagos, e revelou uma situação alarmante: desmatamento ilegal e obras irregulares em área de proteção ambiental. As chamas, que consumiram a vegetação nativa, deixaram exposto um cenário de destruição que estava encoberto pela mata.

Destruição Sistemática da Restinga

O fogo começou na tarde desta terça-feira (4) em uma área localizada atrás do Parque Natural Municipal da Preguiça, próximo ao bairro Jardim Peró. Segundo testemunhas, as chamas se alastraram rapidamente devido à vegetação seca e às condições climáticas.

O que parecia ser apenas mais um incêndio florestal comum na região se revelou algo muito mais grave. Com a vegetação queimada, ficou evidente que cerca de 3 hectares já haviam sido completamente desmatados antes do fogo, com sinais claros de terraplanagem e abertura de estradas irregulares.

MP Aciona Investigação Criminal

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) foi acionado e já determinou a abertura de investigação criminal para apurar os fatos. De acordo com o promotor de Justiça Sérgio de Azevedo, "o incêndio expôs uma destruição ambiental que estava sendo praticada de forma clandestina".

As investigações iniciais apontam para:

  • Desmatamento ilegal de restinga
  • Obras de terraplanagem sem autorização
  • Abertura de vias de acesso irregulares
  • Possível especulação imobiliária na área

Área de Proteção Ambiental em Risco

A restinga é um ecossistema costeiro protegido por lei e fundamental para a estabilidade das dunas e a preservação da biodiversidade local. A destruição desse ambiente pode causar:

  1. Erosão das praias
  2. Perda de habitat de espécies nativas
  3. Alterações no regime de ventos
  4. Comprometimento do lençol freático

Equipes da Secretaria Municipal de Meio Ambiente já estão no local fazendo a perícia técnica para dimensionar o estrago ambiental. "É uma situação gravíssima. A restinga leva anos para se recuperar, e essa destruição deliberada é um crime contra todo o ecossistema", afirmou um técnico ambiental que preferiu não se identificar.

Operação de Combate às Chamas

O Corpo de Bombeiros trabalhou por mais de quatro horas para controlar as chamas. Devido à dificuldade de acesso ao local, foi necessário usar viaturas especiais e equipamentos de combate a incêndios florestais.

As causas do incêndio ainda são investigadas, mas as autoridades não descartam a possibilidade de que o fogo tenha sido intencional, possivelmente para ocultar evidências do desmatamento ilegal que já estava em andamento.

O caso segue sob investigação do MP e da Polícia Civil, que buscam identificar os responsáveis pela destruição ambiental. As penalidades podem incluir multas que chegam a R$ 50 milhões por hectare destruído, além de processos criminais.