
Parece o Saara, mas é o interior paulista. A Defesa Civil começou a disparar alertas nesta sexta-feira (18) para um fenômeno que está deixando a região de Itapetininga com cara de deserto — e não é exagero. O índice de umidade relativa do ar? Pode despencar para menos de 10%, patamar considerado de emergência pela Organização Mundial da Saúde.
"Quando chega nesse nível, até respirar dói", comenta Maria Silva, aposentada que já acordou com sangramento nasal duas vezes nesta semana. E ela não é exceção: farmácias relatam aumento de 40% na venda de soro fisiológico e hidratantes nasais.
O que está acontecendo?
Não é só impressão. Os números confirmam: estamos vivendo dias atípicos para julho. Enquanto o ideal seria entre 60% e 70%, os termômetros digitais — aqueles que ficam pendurados nas farmácias — não passam dos 25%. Mas a umidade? Essa sim preocupa.
- Entre 20% e 30%: estado de atenção
- Abaixo de 20%: estado de alerta
- Abaixo de 12%: emergência de saúde pública
"Quando bate esses 10%, parece que o ar arranha a garganta", desabafa o pedreiro João Santos, que trabalha exposto ao sol. A Defesa Civil recomenda — e isso é sério — evitar atividades ao ar livre entre 10h e 16h. Mas quem tem serviço de rua sabe: teoria e prática nem sempre combinam.
Efeitos na saúde
Médicos do pronto-socorro local relatam aumento de 30% nos atendimentos por:
- Problemas respiratórios
- Sangramento nasal
- Irritação nos olhos
- Piora em quadros de alergia
"É como se o corpo ficasse sem proteção", explica a dra. Ana Lúcia Mendes, pneumologista. Ela recomenda — e isso pode salvar seu dia — toalhas molhadas ou bacias com água nos ambientes. "Truque de vó que funciona", garante.
Nas escolas, a situação virou até tema de aula. "Explicamos que não é fumaça, é poeira mesmo", conta a professora Sônia Ribeiro, que cancelou as atividades no pátio. "Criança não entende por que não pode correr."
Quando vai melhorar?
Segundo o Climatempo, a massa de ar seco persiste até segunda-feira (21). Depois? Alívio parcial, com previsão de chuva só no final do mês. Enquanto isso, o jeito é se virar:
- Beba água como se não houvesse amanhã — 3 litros no mínimo
- Lave o nariz com soro fisiológico 3 vezes ao dia
- Use umidificador ou improviso com toalha úmida
- Evite exercícios físicos pesados
E se você está pensando "ah, mas eu aguento", melhor repensar. Ontem mesmo, um idoso passou mal na feira livre e precisou de atendimento. O diagnóstico? Desidratação severa. Não brinque com o clima — ele está brincando com a gente.