
Quem pensa que calor é regra no Nordeste precisa atualizar o termômetro mental. A Bahia — sim, a terra do sol e do axé — está fazendo frio, e não é pouco. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), nove das dez cidades mais geladas da região estão no estado. Algo que deixaria até um pinguim de cachecol curioso.
O inesperado mapa do frio baiano
Enquanto Salvador ferve no litoral, o interior baiano parece ter importado um pedaço do inverno gaúcho. Chapada Diamantina? Mais parece "Chapada Dinamarca" nesses dias. E não são só os turistas de jaqueta que atestam — os termômetros também.
Veja o paradoxo: no mesmo estado onde se torra na praia, municípios como Piatã e Morro do Chapéu registram médias que fariam um carioca tremer (e não de samba). Às vezes, a vida prega essas peças geográficas.
Top 3 das "Noruegas baianas"
- Piatã: O "Alasca do Sertão" lidera com médias anuais de 16°C — em noites de inverno, os termômetros já chegaram a marcar 5°C. Quem diria?
- Morro do Chapéu: Aqui o chapéu serve mais para esquentar as orelhas. Média de 17°C e recorde de 8°C.
- Mucugê: O paraíso das flores tem noites que exigem cobertores. Dados do INMET mostram quedas bruscas após o pôr do sol.
E olha que curioso: a única "intrusa" no ranking baiano é Triunfo, em Pernambuco. Mas mesmo assim, fica logo na fronteira com a Bahia — quase uma invasão climática.
Por que tanto frio onde deveria fazer calor?
Meteorologistas explicam que a altitude é a grande vilã (ou heroína, dependendo do gosto). Cidades acima de 1.000 metros, como muitas na Chapada Diamantina, seguem a regra básica: sobe o morro, cai a temperatura. Algumas chegam a ter geadas ocasionais — coisa que nem todo mineiro esperaria encontrar no Nordeste.
"É como se a Bahia tivesse seu próprio microclima escondido no sertão", comenta um técnico do INMET, que prefere não ser identificado. "Enquanto o litoral assa, o interior às vezes parece precisar de um aquecedor."
Para os moradores, é uma peculiaridade orgulhosa. "Aqui a gente tem as quatro estações num só dia", brinca Dona Maria, comerciante em Piatã há 40 anos. "De manhã faz frio, ao meio-die calor, à noite volta o casaco."