ONU alerta: Transição energética lenta trará estagnação econômica global
ONU: Transição energética lenta causa estagnação econômica

O secretário-executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, Simon Stiell, fez um alerta contundente durante a abertura oficial da COP30 em Belém: o mundo precisa acelerar urgentemente a transição energética ou enfrentará sérias consequências econômicas.

Urgência climática e metáfora do Amazonas

Em seu discurso realizado nesta segunda-feira, 10 de novembro de 2025, Stiell reconheceu que a curva de emissões foi reduzida desde o Acordo de Paris, assinado há uma década. Ele atribuiu este progresso às ações governamentais e à resposta dos mercados, mas enfatizou que os avanços atuais são insuficientes.

Usando uma metáfora poderosa, o representante da ONU comparou o sistema climático global ao Rio Amazonas. "O Amazonas não é uma entidade única, mas sim um vasto sistema de rios sustentado e alimentado por mais de mil afluentes", observou Stiell, destacando que a cooperação internacional deve funcionar da mesma maneira para acelerar a implementação das medidas climáticas.

Consequências econômicas da inação

Stiell foi direto ao descrever os impactos econômicos já visíveis da crise climática. Grandes secas estão prejudicando colheitas, provocando aumento nos preços dos alimentos e forçando o êxodo de populações inteiras. Conflitos decorrentes dessas situações também foram mencionados como consequências diretas.

"Os desastres climáticos eliminam os meios de vida de milhões, enquanto já temos as soluções; isso nunca, nunca será perdoado", afirmou o secretário com veemência.

Oportunidades na transição energética

Apesar do tom de alerta, Stiell apresentou dados otimistas sobre o avanço das energias renováveis. Energia solar e eólica agora são as fontes de menor custo em 90% do mundo, representando um marco significativo na transição energética global.

Outro dado importante revelado foi que as energias renováveis ultrapassaram o carvão este ano como principal fonte de energia mundial. Os investimentos em energia limpa também atingiram números recordes, com proporção de 2 para 1 em relação aos combustíveis fósseis.

Stiell reforçou que esta é "a história de crescimento do século 21" e alertou que países que ficarem para trás nesta transição enfrentarão estagnação econômica e preços mais altos.

Quatro pilares para o sucesso da COP30

Para garantir resultados concretos na conferência de Belém, o secretário da ONU destacou quatro áreas críticas que demandam atenção imediata:

  • Transição dos combustíveis fósseis: Foco em triplicar energias renováveis e dobrar eficiência energética de forma justa e ordenada
  • Financiamento climático: Implementação do "Roteiro de Baku a Belém" para alcançar US$ 1,3 trilhão necessários
  • Adaptação: Estabelecimento de indicadores para acelerar a implementação da meta global de adaptação
  • Justiça climática: Garantir que as trajetórias de transição sejam inclusivas e abrangentes

Ao final de seu discurso, Stiell fez um apelo à unidade, parafraseando o presidente Franklin D. Roosevelt: "Não é o crítico quem importa... O crédito pertence àquele que está realmente na arena". Ele enfatizou que o trabalho na COP30 não é lutar uns contra os outros, mas sim combater juntos a crise climática.