Seca extinge 99,9% do Açude Itans e causa mortandade de peixes em Caicó
Seca no Açude Itans causa mortandade de peixes em Caicó

Crise hídrica atinge ponto crítico no Seridó potiguar

A população de Caicó, na região do Seridó do Rio Grande do Norte, enfrenta uma situação dramática com a seca extrema que atinge o Açude Itans. Nos últimos dias, pescadores registraram uma mortandade em massa de peixes no reservatório, que praticamente secou completamente.

Números alarmantes revelam gravidade

De acordo com o mais recente relatório do Instituto de Gestão das Águas do Estado do Rio Grande do Norte (Igarn), o Itans possui atualmente apenas 0,09% de volume de água em relação à sua capacidade total de armazenamento. O reservatório, que pode armazenar impressionantes 75 milhões de metros cúbicos de água, encontra-se agora em volume morto.

Vídeos gravados por trabalhadores locais mostram a triste realidade: centenas de peixes mortos espalhados pelas margens do açude. Segundo especialistas do Igarn, a mortandade ocorre precisamente por conta do nível extremamente baixo de água, que impossibilita a sobrevivência da fauna aquática.

Agricultores lutam pela sobrevivência

A crise hídrica não afeta apenas a vida aquática. Agricultores da região, como Jonas José, que mantém plantações às margens do açude, enfrentam dificuldades extremas para manter suas atividades. "A gente está aqui, como diz aquele ditado, se virando nos 30, se acabando aqui com o restinho", desabafa o agricultor.

José descreve a situação desesperadora: "Eles [os outros trabalhadores] cavam aqui de manhã para ir puxando uma 'aguinha' para ir terminando de aguar o que tem aqui ainda. Está muito difícil para o homem do campo. Não é só aqui não. Aqui nós ainda estamos atravessando com essa 'lama', como estou dizendo, mas você sai 1 km aqui ao redor que você vê tristeza".

Abastecimento urbano já foi transferido

O Açude Itans deixou de ser responsável pelo abastecimento de Caicó há alguns anos. Atualmente, a cidade recebe água através da adutora Manoel Torres, que capta recursos do Rio Piranhas, em Jardim de Piranhas. A última sangria do Itans aconteceu em 2009, há quase 15 anos, demonstrando a longa duração desta crise hídrica.

A situação atual representa um dos momentos mais críticos da história recente do reservatório, com impactos ambientais e econômicos que devem perdurar mesmo após o eventual retorno das chuvas à região.