Marcas de acasalamento podem revelar sexo dos dinossauros
Marcas revelam sexo de dinossauros em fósseis

Uma descoberta revolucionária no campo da paleontologia pode finalmente resolver um dos maiores mistérios sobre os dinossauros: como distinguir machos de fêmeas. Pesquisadores identificaram marcas deixadas durante o acasalamento que podem revelar o sexo desses animais extintos há milhões de anos.

Padrão revelador nas vértebras

O estudo, publicado na revista iScience em 10 de novembro de 2025, analisou minuciosamente quase 500 vértebras da cauda de diferentes espécies de hadrossauros, os populares dinossauros herbívoros conhecidos como "de bico de pato".

Os pesquisadores descobriram um padrão repetitivo de fraturas e deformações na base da cauda desses animais, todas com sinais claros de cicatrização. Isso indica que os dinossauros sobreviveram aos traumas, que ocorreram em diferentes momentos de suas vidas.

Acasalamento como causa mais plausível

A explicação considerada mais provável pelos cientistas é que essas lesões foram causadas durante o acasalamento. Os machos pressionariam a área ao montar as fêmeas, causando fraturas repetidas que depois cicatrizavam.

O fato de o mesmo padrão aparecer em diferentes espécies de hadrossauros e em fósseis encontrados em localidades distintas reforça que não se trata de um caso isolado, mas sim de um comportamento comum entre esses animais.

Os hadrossauros viveram entre 100,5 e 66 milhões de anos atrás e seus fósseis são encontrados em vários continentes, incluindo a América do Sul.

Desafio histórico da paleontologia

Distinguir machos e fêmeas sempre foi um dos maiores desafios da paleontologia, já que órgãos reprodutivos não fossilizam e diferenças ósseas podem ser confundidas com variações de idade ou espécie.

Para descartar outras hipóteses, os pesquisadores testaram diversos cenários alternativos que poderiam causar o mesmo tipo de dano:

  • Brigas entre indivíduos
  • Quedas acidentais
  • Torções musculares
  • Pisões acidentais
  • Ataques de predadores
  • Impactos durante alimentação e deslocamento

Nenhum desses cenários foi capaz de reproduzir, de forma consistente, o tipo e a localização específica das fraturas observadas nos fósseis estudados.

Próximos passos da pesquisa

Apesar das fortes evidências, os pesquisadores são cautelosos. Mesmo que o padrão aponte para as fêmeas como as mais atingidas, a confirmação definitiva exige evidências adicionais.

Para determinar o sexo com segurança absoluta, seria necessário encontrar fósseis que apresentem tanto essas fraturas quanto um marcador exclusivo de fêmeas, como:

  • Ovos fossilizados
  • Presença de osso medular - tecido temporário associado à produção de cascas de ovos

Se a hipótese for confirmada, o método poderá ajudar a reinterpretar fósseis já estudados e testar se diferenças antes atribuídas a espécies distintas, como tamanho do corpo ou formato de cristas cranianas, podem, na verdade, ser variações entre machos e fêmeas.

Esta descoberta representa um avanço significativo na compreensão do comportamento e biologia desses fascinantes animais que dominaram nosso planeta por milhões de anos.