Agricultores de Santarém superam adversidades climáticas e garantem merenda escolar com produtos locais
Agricultores mantêm merenda escolar em Santarém apesar do clima

Quem diria que, mesmo com o tempo dando suas cartas — e que cartas! —, os agricultores de Santarém não só seguraram a onda como ainda mantiveram a merenda das escolas cheia de cor e sabor. É pra tirar o chapéu! Enquanto as chuvas e secas malucas deste ano derrubaram boa parte da produção, esses heróis do campo acharam um jeitinho de driblar a crise.

"A gente se vira nos 30", conta Maria do Carmo, agricultora há mais de 20 anos, enquanto colhe abóboras que milagrosamente sobreviveram ao temporal. "Quando uma plantação vai pro brejo, a gente corre pra salvar o que dá." E salvaram mesmo — cerca de 65% da produção destinada às escolas foi mantida, mesmo com prejuízos que fariam qualquer um franzir a testa.

Números que impressionam

Olha só que interessante: só no primeiro semestre, mais de 120 toneladas de alimentos — de arroz a hortaliças — foram parar nos pratos dos estudantes. E não é qualquer comida não. É aquela feita com o tempero da terra e o suor de quem sabe o valor de um pé de alface.

O programa, que já é velho conhecido na região, tem um detalhe que faz toda diferença: os produtores recebem até 30% a mais que o mercado convencional. "É justo", defende o secretário de Agricultura, enquanto observa um caminhão carregado de bananas seguir para as escolas. "Eles merecem."

O outro lado da moeda

Mas nem tudo são flores — ou melhor, legumes. Alguns agricultores reclamam que os pagamentos ainda demoram mais que enchente pra baixar. "Tá difícil segurar as pontas", admite João, que quase desistiu após perder dois plantios seguidos. A prefeitura promete agilizar os processos, mas sabe como é... Promessa de político é igual a previsão do tempo: às vezes acerta.

E pensar que tudo começou pequeno, quase como uma experiência. Hoje, alimenta mais de 50 mil alunos e vira caso de estudo em outras cidades. Quem vê, não acredita que por trás daquela salada colorida tem história de superação, planejamento e — por que não? — um pouquinho de teimosia regional.