Temporal arrasa Manaus: destruição e famílias desabrigadas em meio à chuva torrencial
Temporal causa caos e deixa famílias desabrigadas em Manaus

Não foi um simples aguaceiro. O que caiu sobre Manaus nesta quarta-feira (30) foi uma verdadeira muralha d'água — daquelas que fazem até o mais experiente ribeirinho tremer na base. O temporal, que começou de mansinho por volta do meio-dia, logo mostrou suas garras.

Paredes desabando como castelos de areia, ruas transformadas em rios furiosos, árvores arrancadas como gravetos — a cena lembrava aqueles filmes apocalípticos, só que sem efeitos especiais. E o pior? A Defesa Civil confirmou que pelo menos 37 famílias perderam tudo. Tudo mesmo. Algumas mal conseguiram salvar os documentos.

O estrago em números

Os bairros mais atingidos pareciam ter levado um soco da natureza:

  • 15 árvores de grande porte derrubadas (uma esmagou dois carros, que agora parecem latas amassadas)
  • 3 deslizamentos de terra em áreas de risco
  • 5 casas totalmente destruídas — e olhe que estamos falando de alvenaria, não de palafitas
  • Inúmeros telhados voando como pipas sem dono

"Parecia que o céu tinha se divorciado das nuvens e decidido despejar toda a raiva de uma vez", desabafou Maria dos Santos, 58 anos, enquanto tentava salvar panelas do que restou de sua cozinha.

O caos na mobilidade urbana

Quem pensou em circular pela cidade teve que repensar os planos. Os principais corredores viraram piscinas profundas — e não daquelas próprias para mergulho. Ônibus parados, motoristas desesperados, e aquela cena clássica de gente tentando atravessar ruas com água na cintura, carregando sacolas como se fossem bóias improvisadas.

E olha que a prefeitura avisou! Os alertas meteorológicos pipocaram nos celulares desde a véspera, mas convenhamos: quem realmente leva a sério até a chuva chegar com tudo?

E agora, José?

Enquanto as equipes de emergência corriam contra o tempo (e contra a água), os abrigos improvisados começaram a receber os primeiros desabrigados. A cena era de cortar o coração: crianças com roupas emprestadas, idosos perdidos no meio da papelada molhada, e aquela expressão vaga no rosto de quem ainda não processou o tamanho do prejuízo.

O prefeito David Almeida não perdeu tempo e decretou estado de emergência em três bairros. "É como se a natureza tivesse dado um cheque-mate na nossa infraestrutura", admitiu, sem rodeios, durante coletiva improvisada sob um guarda-chuva que mais parecia um lençol molhado.

Para os próximos dias? Mais chuva no horizonte. E aquele cheiro característico de terra molhada que, desta vez, vem misturado com o gosto amargo do recomeço.