
Não foi preciso nem um dia inteiro de chuva para que o caos se instalasse no Rio das Pedras. Naquela manhã de quarta-feira, os primeiros pingos já anunciavam o que viria: uma enxurrada capaz de transformar ruas em rios e casas em ilhas improvisadas.
"Parecia um filme de desastre", conta Maria, moradora há 15 anos na região, enquanto tirava água de casa com um balde furado — a ironia não escapava a ninguém. "Só faltou o helicóptero pra resgate."
Água até onde a vista alcança
O cenário lembrava aquelas paisagens pós-apocalípticas: carros boiando como barcos desgovernados, móveis virando jangadas improvisadas, e aquela lama marrom escura cobrindo tudo com um cheiro ácido de esgoto e desespero.
Os números assustam:
- Mais de 50 famílias completamente isoladas
- Ruas principais com 1,5m de profundidade
- Comércios fechados por 3 dias consecutivos
E o pior? Ninguém parecia surpreso. "Todo verão é a mesma novela", resmungou um senhor enquanto empurrava um carrinho de mão com seus pertences encharcados. A resignação, mais uma vez, batia à porta junto com a enchente.
O que dizem as autoridades?
Ah, essa é boa! Enquanto os moradores improvisavam pontes com tábuas podres, a prefeitura prometia "ações imediatas" — aquelas que sempre chegam depois que a água baixa. Um caminhão de bombeiros apareceu, é verdade, mas parecia mais perdido que cego em tiroteio.
"Estamos monitorando a situação", dizia o comunicado oficial. Enquanto isso, Dona Cláedia, de 72 anos, monitorava o nível da água subindo pelo batente da porta. Prioridades, né?
E agora? O céu já clareou, mas o problema persiste. As ruas viraram pântanos, o cheiro de mofo já se mistura ao ar, e aquela pergunta fica no ar: até quando essa comunidade terá que reinventar a vida a cada chuva forte?