
O coração quase parou. Lá embaixo, a equipe de bombeiros acompanhava cada movimento—até que algo saiu desesperadoramente errado. Não era um treino, não era simulação. Era vida real, daquelas que aceleram os batimentos cardíacos até a última gota de adrenalina.
Neste domingo (31), por volta das 11h, o silêncio da Pedra da Penha, em Castelo—interior do ES—foi quebrado pelo som abafado de um parafuso se abrindo. Um base jumper, homem de 37 anos, se lançou de aproximadamente 70 metros de altura. A descida, que deveria ser suave e controlada, transformou-se num pesadelo vertical.
O vento simplesmente mudou de ideia. De repente, uma rajada inesperada—daquelas que nem os mais experientes conseguem prever—empurrou o atleta contra a rocha. Brutalmente. O impacto foi seco, alto, aterrorizante. Quem estava lá embaixo segurou a respiração.
“A gente imagina o pior… sempre”, disse o soldado BM Alisson Chaves, um dos primeiros a chegar. Ele mesmo registrou parte da ocorrência. “Mas incrivelmente, quando conseguimos alcançá-lo, ele estava consciente. Falando. Assustado, é claro—mas vivo.”
“Podia ter sido pior” — o alívio pós-tragédia
Essa frase, dita pelo bombeiro que filmou tudo, ecoa como um suspiro de alívio coletivo. O homem sofreu múltiplas fraturas—no fêmur, no braço—e escoriações por todo o corpo. Mas podia ter sido pior. Muito pior.
O resgate foi complexo, demorado. Cerca de duas horas de trabalho intenso entre rochas, vegetação e a precária estabilidade do terreno. Os bombeiros usaram tudo—cadeira de resgate, maca, técnicas de rapel—para garantir que ele saísse dali com o mínimo de dano adicional.
“Esse tipo de ocorrência mexe com a gente”, admite Alisson, com a voz ainda carregada da tensão do momento. “Você fica pensando… e se fosse um filho seu? Um irmão? A sorte dele foi ter caído em um ponto com vegetação. Amorteceu.”
Risco calculado? Nem sempre
Base jump não é para amadores. Exige preparo físico, conhecimento técnico, equipamento de qualidade—e ainda assim, o imprevisível pode acontecer. Vento, tempo, um cálculo errado por um segundo… e tudo desaba.
O homem foi levado para o Hospital Municipal de Castelo. Está estável, sob observação. Vai precisar de cirurgia—mas vai sobreviver. Diferente de muitos que se arriscam nessa modalidade e não contam a mesma história.
No fim das contas, ficam o susto, a lição e a reflexão: até onde vale a pena empurrar os limites? E quando a sorte vira o único fator entre o drama e a tragédia?
Uma coisa é certa: dessa vez, o final—ainda que cheio de dor—foi, de fato, podendo ter sido pior.