Kīlauea no Havaí: Vulcão Entra em Erupção e Cria Espetáculo de 'Cabelos de Pele' de Vidro — Fenômeno Raro Assombra e Encanta
Kīlauea entra em erupção e cria “cabelos de vidro”

Imagine só: o solo treme, o ar fica pesado e, de repente, o céu não é mais só céu — é um palco para uma das performances mais brutais e belas da natureza. Foi mais ou menos isso que aconteceu no Havaí nesta semana, quando o famoso — e um tanto temperamental — vulcão Kīlauea resolveu acordar de novo. E como!

Pouco depois da meia-noite de segunda-feira, horário local, as câmeras de monitoramento do Observatório Vulcanológico do Havaí capturaram o momento exato em que a fúria da terra começou a escorrer pela cratera Halemaʻumaʻu. E não foi só lava. Foi um espetáculo completo, com direito a um fenômeno tão raro quanto fascinante: os chamados “cabelos de Pele”.

Mas o que diabos são esses ‘cabelos’?

O nome é poético, mas a formação é pura física em estado selvagem. Quando a lava é ejetada com força brutal de um respiradouro vulcânico — formando, assim, fontes ou cortinas de fogo —, o vento forte pode esticar e moldar gotículas derretidas em finíssimos fios de vidro vulcânico.

O resultado? Uma espécie de cabeleira dourada e frágil que se espalha pelo entorno. Lindo de se ver? Com certeza. Inofensivo? Nem tanto. Esses fios são extremamente afiados e quebradiços. Podem causar irritação severa na pele e nos olhos — sem falar nos riscos para animais e para o meio ambiente.

Por que o nome ‘Pele’?

A homenagem não é à jogadora de futebol, claro, mas à deusa havaiana dos vulcões. Diz a lenda que sempre que Pele está brava ou especialmente poderosa, deixa seus cabelos espalhados pela ilha como uma assinatura divina — e um pouco sinistra, convenhamos.

E não para por aí. Junto com os “cabelos”, frequentemente aparecem outras formações curiosas, como as “lágrimas de Pele” (pequenas gotas de vidro) e até “algas” — fragmentos em forma de leque que se formam quando a lava é agitada pelo vento.

E agora, o que esperar?

O Observatório Vulcanológico garante que, por enquanto, a atividade está confinada ao interior do Parque Nacional dos Vulcões do Havaí. Ou seja, as comunidades próximas estão, a princípio, a salvo. Mas ninguém baixa a guarda. Vulcões como o Kīlauea são imprevisíveis. Mudam de humor num piscar de olhos.

Autoridades locais já alertaram: é preciso cuidado redobrado com a qualidade do ar. Emissões de dióxido de enxofre (SO₂) podem subir muito rápido, tornando o ar perigoso — especialmente para idosos, crianças e pessoas com problemas respiratórios.

E tem mais: partículas de vidro e cinzas finas podem ser carregadas pelo vento. Quem estiver na região deve evitar contato direto. Janelas fechadas, máscaras por perto e atenção total aos alertas oficiais. Melhor prevenir, não é mesmo?

Enquanto isso, cientistas seguem de olho — e de instrumentos — apontados para a cratera. Cada erupção, por mais assustadora que seja, é uma aula ao vivo sobre o poder criativo e destrutivo do planeta. E dessa vez, a natureza não poupou dramaticidade.