
Imagine acordar com sirenes estridentes cortando o ar e uma voz gravada repetindo "evacuação imediata". Foi assim que João Silva, um carioca de 34 anos, começou seu domingo no paraíso havaiano. Ele, que foi para Honolulu descansar do estresse do trabalho no Rio, acabou no meio de um pesadelo real.
"Parecia filme daqueles que a gente assiste no sofá comendo pipoca", conta ele, ainda com a voz um pouco trêmula. "Só que quando é você ali, sem roteiro e sem ator, a coisa fica séria."
O momento do pânico
Por volta das 7h da manhã (horário local), enquanto preparava um café na cozinha do Airbnb, João ouviu o primeiro alerta. "Pensei que fosse teste, sabe como é? Aquela negação inicial. Mas quando vi os vizinhos correndo como loucos, caiu a ficha."
O sistema de alerta do Havaí detectou atividade sísmica incomum no Oceano Pacífico - um terremoto de 7.3 na escala Richter perto das Ilhas Aleutas. As autoridades não perderam tempo: em menos de 15 minutos, toda a costa estava em estado de emergência.
Fuga contra o relógio
João descreve os minutos seguintes como um turbilhão:
- Jogou tudo que pôde numa mochila - passaporte, água, um pacote de biscoitos
- Esqueceu o celular carregando (e teve que voltar correndo)
- Seguiu a multidão rumo às zonas elevadas, sem saber exatamente para onde ir
"O pior foi ver crianças chorando, idosos com dificuldade para andar rápido. A solidariedade apareceu, claro, mas o medo estava estampado em todos os rostos", lembra.
As horas de incerteza
Por quase seis horas, João e centenas de outros turistas e moradores ficaram aguardando em um centro comunitário. "Tinha gente monitorando as notícias no rádio, outros rezando. Eu? Fiquei olhando pro mar, tentando adivinhar se vinha algo."
Felizmente, o tsunami previsto não atingiu a intensidade temida. Por volta das 13h, as autoridades deram o aviso de que o perigo havia passado. "Foi um alívio, mas também uma lição", reflete João. "A gente nunca acha que vai acontecer com a gente, até acontecer."
De volta ao Rio, ele agora planeja compartilhar sua experiência para alertar outros viajantes. "Parece exagero, mas saber o que fazer nessas horas pode salvar vidas. Eu mesmo não estava preparado como deveria."