
O coração de Brumadinho não para de bater acelerado. Desde que o nível de emergência da barragem foi elevado, o fantasma de 2019 voltou a assombrar cada esquina da cidade mineira. E não é pra menos — quem viveu o pesadelo do rompimento da Vale sabe que o perigo mora logo ali, naquela parede de rejeitos que teima em desafiar a engenharia.
"A gente dorme com um olho aberto", confessa Dona Marta, dona de um pequeno comércio na região. Ela não é a única. Nas ruas, o clima é de apreensão misturada com uma certa revolta — afinal, quantas vezes a população precisa viver esse filme de terror?
O que dizem os especialistas?
Engenheiros ambientais estão com a pulga atrás da orelha. Os últimos relatórios técnicos mostram movimentações preocupantes na estrutura, algo que lembra — e muito — os sinais pré-rompimento de 2019. "Não estamos dizendo que vai acontecer amanhã, mas os riscos aumentaram significativamente", explica o geólogo Carlos Mendonça, com aquele tom de voz que tenta acalmar mas acaba assustando ainda mais.
Enquanto isso, a Defesa Civil local virou um formigueiro humano. Os planos de evacuação estão sendo revisados, mas muita gente se pergunta: será que vão ter tempo de colocar em prática se o pior acontecer? A memória da lama levando tudo pela frente ainda está fresca na mente de quem sobreviveu.
Impactos que vão além do óbvio
- O Rio Paraopeba, que mal se recuperou do último desastre, pode ser o primeiro a sofrer
- Propriedades rurais na rota hipotética da lama estão em estado de alerta máximo
- O turismo — já fragilizado — pode desaparecer de vez
- E tem a saúde mental da população, que ninguém fala, mas está lá, corroendo por dentro
Nas redes sociais, o assunto virou polêmica. De um lado, os que acusam a mineradora de negligência. Do outro, os que defendem que "tudo está sob controle". Enquanto o debate esquenta na internet, em Brumadinho o silêncio é cortado apenas pelo barulho dos caminhões da Vale transitando pelas estradas de terra.
Uma coisa é certa: ninguém quer reviver as cenas de caos que marcaram o Brasil cinco anos atrás. Mas se depender dos sinais que a natureza está dando — e que os instrumentos estão captando —, o pesadelo pode estar prestes a ter um novo capítulo.