
Imagine acordar com o chão tremendo como se fosse um navio em alto-mar. Foi exatamente assim que a família Silva, de Fortaleza, começou o dia 30 de julho em Nagano, no Japão. "Parecia que o mundo ia acabar", conta Rafael Silva, ainda visivelmente abalado.
O terremoto — que segundo os sismólogos atingiu 6.2 na escala Richter — pegou todo mundo de surpresa. E olha que os Silva já moram há 3 anos no país do sol nascente. "A gente até já tinha treinamento, mas na hora o desespero fala mais alto", admite a esposa, Juliana.
Corrida contra o tempo
O que mais assustou? As crianças. Os pequenos Pedro, 8 anos, e Laura, 5, tiveram que ser levados às pressas para áreas elevadas. "Na região tem risco de tsunami, então o protocolo é claro: subir. Mas explicar isso pra crianças assustadas...", a voz de Rafael falha.
Detalhe que dói: enquanto corriam, a família ouvia os alarmes de emergência japoneses — aqueles sons estridentes que gelam o sangue. "Parecia filme de catástrofe, só que era real demais."
Lições que ficam
- Mochila de emergência: "A nossa salvou a gente. Lanterna, água, remédios... tudo ali", conta Juliana
- Comunicação: "Celular ficou impossível. Combinamos um ponto de encontro fixo caso se perdessem"
- Solidariedade: "Vizinhos japoneses nos acolheram, mesmo com a barreira da língua"
E agora? A família diz que vai continuar no Japão, mas com outro olhar. "A gente aprendeu que segurança é ilusão. O negócio é estar preparado", filosofa Rafael, enquanto abraça os filhos — esses sim, já recuperados e até orgulhosos da "aventura".
Uma última reflexão que fica: no meio do caos, o que vale é o que (e quem) a gente consegue carregar. O resto... bem, o resto a gente reconstrói.