
O prefeito Ricardo Nunes está numa enrascada daquelas. E não é pouco. Duas derrotas judiciais só nesta semana — sim, duas — e agora a ameaça real de ter que se explicar não só ao Ministério Público, mas também a uma Comissão Parlamentar de Inquérito. O assunto? A demora, que muitos chamam de negligência, nas ações prometidas para o Jardim Pantanal, aquela região que vira um verdadeiro mar whenever chove um pouquinho mais forte.
Parece até história repetida, não é? Todo ano é a mesma coisa: água invade as casas, destrói móveis, documentos, memórias. E todo ano, promessas. Muitas promessas. Desta vez, porém, a Justiça decidiu que chega de esperar. Na terça-feira, um tribunal deu razão ao MP e determinou que a prefeitura apresente, num prazo curtíssimo, um cronograma detalhado das obras de drenagem e urbanização que — pasmem — já deveriam estar em andamento.
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E como se não bastasse a pressão judicial, agora os vereadores decidiram botar o bedelho. A CPI das Enchentes, que já estava aí, resolveu focar suas lentes no caso específico do Jardim Pantanal. Querem saber, ponto a ponto, onde está o gargalo. Por que os recursos não saíram do papel? Por que os projetos, já discutidos há tempos, não saíram do zero? E, claro, vão querer o prefeito lá, na cadeira, explicando cada minutinho perdido.
Nunes, é claro, já se defendeu. Alegou que herdou um problema crônico, que a coisa é complexa, que envolve desapropriações, licitações… o pacote completo. Mas a pergunta que fica, e que todo morador faz é: até quando? Quantos invernos mais essas famílias vão ter que carregar a vida pra cima dos móveis?
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Enquanto isso, no Jardim Pantanal, a realidade é nua e crua. Dona Maria, que mora há 20 anos na região, me contou que já perdeu as contas de quantas vezes a água entrou pela porta. “É um desrespeito”, ela diz, com uma voz que mistura cansaço e revolta. “A gente se sente abandonado, esquecido. Só lembram da gente quando a água sobe e vira notícia.”
E ela tem toda a razão. O timing político é suspeito. Será que a pressão judicial e a CPI vão, finalmente, fazer as máquinas chegarem? Ou é só mais um capítulo na longa novela das promessas não cumpridas?
Agora, os holofotes se voltam para a prefeitura. O prazo judicial está correndo. A CPI está se armando. E o Ricardo Nunes… bem, o Ricardo Nunes vai ter que falar. E dessa vez, “é complexo” pode não ser resposta suficiente.