
Era para ser apenas mais um dia de estudos na agitada Galway, na Irlanda. Mas o destino reservou um golpe cruel para o potiguar de 28 anos, cujo nome a família pede para não divulgar. Um incêndio violento — daqueles que deixam marcas permanentes, mesmo após as chamas se apagarem — mudou tudo em questão de minutos.
Quase um mês de internação. Trinta dias de esperança, medo e luta nos corredores do University Hospital Galway. Até que, na última sexta-feira (18), o coração cansado do jovem brasileiro simplesmente... parou. "A gente sempre acha que essas coisas acontecem com os outros, né? Até o dia em que batem na sua porta", desabafa um primo, com a voz embargada.
O que se sabe sobre o acidente
Detalhes ainda são escassos — a burocracia internacional e a distância complicam tudo. Mas fontes próximas à investigação contam que o fogo começou de madrugada num prédio residencial estudantil. Algo banal, talvez um curto-circuito ou cigarro mal apagado, transformado em pesadelo.
- O brasileiro estava no último andar
- Equipes de resgate chegaram em 8 minutos (eternidade quando se está sufocando)
- 60% do corpo com queimaduras graves
"Ele era daqueles alunos que iluminavam a sala", lembra a professora de literatura Siobhán O'Neil, entre lágrimas. "Ironia cruel: estava escrevendo uma tese sobre o fogo na poesia de Yeats."
E agora?
O consulado brasileiro em Dublin — que anda sobrecarregado com casos assim — confirmou estar auxiliando na repatriação do corpo. Mas entre protocolos, autópsias e papeladas, a família estima que só trarão seu menino de volta ao RN em 10 dias. Enquanto isso, uma vaquinha online já ultrapassou R$ 80 mil para cobrir despesas médicas e funerárias.
Na terra natal dele, São Gonçalo do Amarante, o choque foi geral. Vizinhos falam de um "menino de ouro", sempre primeiro da classe, que conquistou bolsa para estudar fora com mérito puro. "Até quando a vida vai roubar os melhores da gente?", questiona Dona Maria, dona da padaria onde ele trabalhava aos 15 anos.
PS: Galway, cidade normalmente vibrante de estudantes internacionais, está em luto silencioso. Nas ruas de paralelepípedos, velas e fotos do brasileiro começam a aparecer — pequenos memoriais improvisados para quem partiu cedo demais.