
Era uma daquelas manhãs cinzentas no Leblon — dessas que até o mar parece mais quieto — quando um funcionário da prefeitura quase tropeçou no vazio. No lugar da placa histórica do Mirante, apenas parafusos torcidos e um silêncio constrangedor. "Pensei que tivessem trocado de lugar a placa, sabe como é obra pública...", confessou o homem, que pediu pra não ser identificado.
O caso, que aconteceu na madrugada de sexta-feira (25), já virou tema de conversas nos botecos da Zona Sul. Não é pra menos: a placa de metal — que resistiu a temporais, pichações e até selfies desastradas — sumiu como um passe de mágica. Ou melhor, como um golpe profissional.
Quem levaria um troço desses?
Os investigadores têm uma teoria quente: colecionadores clandestinos. Sim, existe um mercado negro para peças de logradouros públicos, principalmente as que têm valor histórico ou turístico. "É tipo colecionar selo raro, só que ilegal", brincou um delegado, antes de corrigir o tom: "Mas aqui não tem graça nenhuma. Isso é crime contra o patrimônio, ponto final."
A placa — que indicava a vista panorâmica do Mirante — era praticamente uma celebridade de metal. Aparecia em fotos de turistas, vídeos de influencers e até num casamento famoso ano passado. Agora, virou vítima do que especialistas chamam de "souvenir extremo".
E agora, José?
A prefeitura já acionou o setor de patrimônio histórico e promete repor a placa "o quanto antes" (o que, no vocabulário carioca, pode significar qualquer coisa entre amanhã e o próximo Carnaval). Enquanto isso, moradores fazem vigília informal — e um grupo de WhatsApp já tem 87 mensagens sobre o caso, incluindo teorias que envolvem desde turistas bêbados até alienígenas.
Uma coisa é certa: no Rio, até os objetos inanimados vivem aventuras. Resta saber se essa placa vai acabar numa parede de milionário ou num ferro-velho qualquer. Se você vir algo, a Delegacia de Crimes contra o Patrimônio está de olho — e, pelo visto, de ouvidos também.