Era pra ser só mais um dia de pelada naquela tarde abafada de sábado. Mas o que começou como diversão terminou em tragédia no Setor Bueno, em Goiânia. Lucas (nome fictício), 16 anos, aquele moleque que vivia com uma bola no pé, não voltou pra casa.
Segundo testemunhas, o garoto — que já tinha sido destaque em times de base da região — subiu num muro baixo para recuperar a bola que tinha caído num terreno baldio. Ninguém notou os fios desencapados... Um choque violento, um grito abafado, e quando chegaram perto, já era tarde demais.
O sonho que virou pesadelo
"Ele falava disso desde os 7 anos", conta a vizinha Dona Marta, ainda em choque. "Todo mundo aqui sabia que o Lucas ia ser alguém no futebol. Até o técnico do time da escola dizia que ele tinha futuro."
Os pais, devastados, se recusaram a dar entrevistas. Mas amigos relatam que o adolescente treinava religiosamente — antes da escola, depois da escola, nos fins de semana. "Até no almoço ele driblava as panelas da mãe", lembra um amigo, tentando conter as lágrimas.
O perigo escondido a olhos vistos
O tal terreno, aliás... Todo mundo do bairro conhece. Cercado precariamente, mato alto, e aqueles fios pendurados que ninguém nunca consertou. A prefeitura diz que o local estava "em processo de regularização". Processo lento, como sempre.
Bombeiros alertam: esse tipo de acidente é mais comum do que se imagina. "As pessoas subestimam a eletricidade", explica o sargento Almeida. "Só lembram do perigo quando acontece uma tragédia dessas."
Enquanto isso, na quadra onde Lucas brilhava, uma camisa número 10 pendurada no gol. E o silêncio — aquele que dói — tomou o lugar dos gritos de "gol" que ecoavam toda tarde.
