
Numa tarde que parecia comum em Cerquilho, o inesperado aconteceu. Um bebê, mal completara seu primeiro ano de vida, começou a se engasgar com algo que ninguém conseguiu identificar a tempo. A mãe, desesperada, gritou por ajuda — e foi aí que entrou em cena o herói do dia.
O guarda municipal José Ricardo, que patrulhava a região, ouviu os gritos e agiu com a velocidade de quem tem anos de experiência. "Nem pensei duas vezes", contou depois, ainda com a voz um pouco trêmula. "Vi a criança ficando roxa e sabia que cada segundo contava."
Minutos que pareciam horas
Com movimentos precisos (apesar das mãos que teimavam em tremer), ele aplicou a manobra de Heimlich adaptada para bebês. Uma, duas vezes — até que, no terceiro impulso, o objeto saiu como um tiro. Era um pedaço de brinquedo, pequeno demais para ser visto, grande o suficiente para quase custar uma vida.
"Quando ouvi aquele choro forte de novo, foi como música", disse a mãe, Maria Fernanda, enxugando as lágrimas com as costas da mão. "Parece clichê, mas é verdade: você só dá valor à vida quando vê ela escapando entre seus dedos."
O que fazer em casos assim?
- Mantenha a calma — difícil? Sim. Mas necessário.
- Peça ajuda imediatamente enquanto tenta desengasgar a criança
- Aprenda as manobras básicas — elas mudam conforme a idade
- Nunca tente pegar o objeto com os dedos às cegas
O caso, que poderia ter terminado em tragédia, virou exemplo de como treinamento e sangue frio fazem diferença. "A gente treina para isso, mas na hora H...", reflete José, deixando a frase no ar. Nem ele, com seus 15 anos de corporação, imaginava que um dia usaria o treinamento para salvar alguém tão pequeno.
E no meio de tanta notícia ruim que a gente vê por aí, histórias como essa — de gente comum fazendo o extraordinário — são o lembrete de que ainda há esperança. Ou, como diria dona Marta, vizinha do quarteirão: "Anjo existe, mas às vezes veste farda".