
Numa operação que deixou até os agentes mais experientes de cara, a Polícia Federal desbaratou nesta terça-feira (23) um esquema de carvoarias ilegais que mais pareciam cenário de filme de terror. Em Ubá, cidade do interior mineiro que normalmente vive do mobiliário, a realidade mostrou seu lado mais sombrio.
Os alojamentos — se é que podemos chamar assim — eram tão precários que um dos policiais comentou: "Isso aqui não é moradia, é cativeiro disfarçado". Sem ventilação adequada, com instalações elétricas perigosas e saneamento... bem, melhor nem falar.
O que a operação encontrou
Entre os absurdos descobertos:
- Barracos de madeira improvisada que mal protegiam da chuva
- Banheiros coletivos em estado lastimável (quando existiam)
- Compartilhamento de camas em turnos — dormia quem não estava no forno
- Falta completa de equipamentos de segurança
E pensar que, enquanto isso, a fumaça dos fornos clandestinos subia tranquilamente sobre a paisagem bucólica da Zona da Mata mineira. Ironia cruel, não?
Quem são as vítimas
Os trabalhadores resgatados — a PF não divulgou números exatos ainda — estariam em situação análoga à escravidão, segundo os primeiros indícios. Muitos foram atraídos por promessas de bons salários, mas a realidade era outra: jornadas exaustivas, pagamentos irrisórios e, claro, zero direitos trabalhistas.
"Quando a gente vê de perto, percebe que o problema é muito mais embaixo da superfície do que imaginávamos", confessou um dos agentes envolvidos na operação, que pediu para não ser identificado.
E agora?
A PF já iniciou os procedimentos para responsabilizar os donos das carvoarias — que, como era de se esperar, sumiram do mapa quando a operação começou. Os trabalhadores estão recebendo atendimento médico e assistência social.
Enquanto isso, a cidade de Ubá, conhecida por seus móveis de qualidade, terá que encarar esse lado obscuro que insistia em permanecer escondido. Resta saber quantas outras situações como essa ainda estão por aí, esperando para vir à tona.