
Não é de hoje que o canteiro de obras vira palco de cenas que dão arrepios. Mas o que flagraram numa construção em Taguatinga, DF, deixaria qualquer um com os cabelos em pé. Um operário, lá no alto, sem nenhum daqueles equipamentos que — vamos combinar — são o mínimo pra não virar estatística.
O vídeo, que circulou feito rastilho de pólvora, mostra o cara pendurado como se leis de física fossem sugestão. Só a corda bamba do destino segurando. E o capacete? O cinto? Nem sinal. Parece cena de filme de terror, mas é o pão nosso de cada dia em muitos cantos por aí.
O que dizem os especialistas
"Isso não é coragem, é roleta russa com a vida", dispara o engenheiro de segurança Raul Mendes, com aquela voz grossa de quem já viu demais. Segundo ele, 90% dos acidentes graves poderiam ser evitados com "aqueles trecos chatos" — os EPIs.
E olha que a lista não é pequena:
- Capacete (pra quando a gravidade resolver cobrar a conta)
- Cinto de segurança (não, não é só pra carro)
- Botinas com biqueira (porque pé esmagado não combina com nada)
E a fiscalização?
Aqui é que a porca torce o rabo. Teoricamente, o Ministério do Trabalho deveria estar em cima como chicote em lombo de jegue. Mas — e sempre tem um mas — com poucos fiscais pra cobrir um oceano de obras, muita coisa escorre pelos vãos dos dedos.
"É aquela velha história", suspira a auditora Fernanda Gomes, "enquanto não cair pedaço, ninguém mexe um dedo". E quando cai? Aí já sabe: choram as famílias, aparecem as promessas, e o ciclo recomeça.
O outro lado da moeda
Conversa vai, conversa vem, e a construtora responsável soltou nota dizendo que "repudia veementemente" a prática. Só esqueceram de explicar como o sujeito foi parar lá sem equipamento, né? Convenhamos.
Enquanto isso, o operário — esse coitado que quase virou vítima — sumiu no mundo. Será que ainda tá empregado? Será que aprendeu a lição? Difícil dizer num país onde o desespero por um salário às vezes fala mais alto que o instinto de sobrevivência.
Uma coisa é certa: cenas como essa não deveriam existir em pleno 2025. Mas existem. E vão continuar existindo enquanto segurança for tratada como custo, não como direito. Até quando? Só o tempo — e talvez mais algumas vidas perdidas — dirão.