
Imagina a cena: alguém está tendo um infarto, um acidente grave aconteceu, uma criança se engasgou. A família, desesperada, liga para o SAMU. E aí... nada. A linha está ocupada. O socorro demora. E sabe por quê? Porque do outro lado da linha, alguém está gastando o tempo dos profissionais com piadas sem graça.
Parece brincadeira, mas é a realidade assustadora que Minas Gerais enfrenta diariamente. Os números são de deixar qualquer um de cabelo em pé: 29 trotes por hora! Isso mesmo, quase um a cada dois minutos. Uma verdadeira farra de ligações falsas que está colocando vidas em risco.
Os números que doem
Entre janeiro e setembro deste ano, os serviços de emergência do estado registraram 191 mil ligações falsas. Faz as contas: são aproximadamente 700 por dia. Uma enxurrada de brincadeiras de mau gosto que travam linhas que deveriam salvar pessoas.
O pior? A maioria esmagadora desses trotes - pasmem - 85% deles - vem de celulares. Parece que a facilidade do anonimato dá coragem para essa falta de consciência. E olha que tem de tudo: desde crianças imitando vozes até adultos que, sinceramente, deveriam ter mais juízo.
Quando a brincadeira vira crime
O que muita gente não percebe - ou finge não perceber - é que trote em serviço de emergência não é simplesmente uma "travessura". É crime, pura e simplesmente. E das consequências graves: pode dar até um ano de detenção mais multa. Mas, convenhamos, o maior castigo moral deveria ser saber que sua "brincadeira" pode ter custado uma vida.
Os bombeiros são os que mais sofrem com essa situação. Eles recebem acionamentos para resgatar gatos em árvores que... bem, os gatos nem existem. Ou para atender incêndios que nunca aconteceram. Enquanto isso, um idoso que caiu em casa fica esperando.
O custo humano
Pensa no desperdício de recursos públicos. Cada viatura que sai à toa, cada equipe médica mobilizada sem necessidade, é dinheiro que deixa de atender quem realmente precisa. E tempo - ah, o tempo - que em emergências médicas vale ouro.
Eu particularmente acho difícil entender a graça. Sério, o que passa na cabeça de alguém que acha divertido simular uma emergência? É como brincar de roleta russa com a vida dos outros.
As autoridades estão tentando combater isso, claro. Mas a solução mesmo tem que vir da conscientização. De pais que eduquem seus filhos sobre o valor desses serviços. De escolas que expliquem as consequências. De adultos que, pelo amor de Deus, parem de agir como adolescentes sem noção.
No fim das contas, a mensagem é simples: não brinque com o 192 ou 193. Um dia pode ser você ou alguém que você ama precisando desses números. E aí, quando a ligação não passar, você vai lembrar de todos que fizeram trotes antes. A vida não é jogo - trate os serviços de emergência com o respeito que merecem.