
Parece que o destino resolveu ser particularmente cruel com o Sul de Minas neste começo de outubro. Entre a quinta-feira (3) e o sábado (5), as estradas da região viraram palco de uma sequência assustadora de acidentes — cinco vidas perdidas em menos de 48 horas. Uma tragédia atrás da outra, deixando famílias despedaçadas e uma pergunta no ar: até quando?
O primeiro baque veio na quinta, por volta das 18h30. Na MG-290, perto daquele trevo que liga a BR-381 em Paraguaçu, um caminhão e uma moto se encontraram da pior maneira possível. O motociclista, um homem de 42 anos que trafegava pela marginal, não resistiu. Testemunhas contaram que foi tudo muito rápido — um instante de distração e pronto. A Polícia Militar Rodoviária ainda tenta entender os detalhes, mas o que sobrou foi o silêncio pesado de mais uma família sem respostas.
Sexta-feira: o dia mais sangrento
Se quinta foi triste, sexta foi de cortar o coração. Três acidentes fatais em sequência, cada um mais brutal que o outro.
Logo cedo, às 6h30, na MG-173 em São Sebastião do Paraíso, um caminhão carregado de cana simplesmente tombou. O motorista, um homem de 62 anos com décadas de estrada nas costas, morreu no local. Os bombeiros precisaram de quase duas horas para conseguir retirar o corpo — a carga de cana espalhada pela pista parecia uma ironia macabra.
Mas o pior ainda estava por vir. Por volta das 11h da manhã, na MG-050 em Guapé, um caminhão e uma moto colidiram frontalmente. O motociclista, de 38 anos, morreu na hora. A cena era tão violenta que até os policiais mais experientes se comoveram. E sabe o que é mais revoltante? Tudo indica que poderia ter sido evitado.
Para fechar o dia com chave de horror, às 16h30 na MG-295 em Carmo do Rio Claro, outro caminhão tombou. Desta vez, o motorista de 56 anos também não sobreviveu. Três vidas perdidas num único dia — três histórias interrompidas brutalmente.
O desfecho trágico de sábado
O sábado trouxe o quinto e último óbito desta sequência tenebrosa. Na MG-428 em Alfenas, por volta das 8h da manhã, um carro e uma moto se envolveram numa colisão frontal. O motociclista, de 35 anos, chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos. Mais uma família destruída, mais um nome acrescentado à lista negra do trânsito mineiro.
É impressionante como a rotina nas estradas pode se transformar em pesadelo num piscar de olhos. Cinco pessoas que saíram de casa para trabalhar, resolver problemas, visitar familiares — e nunca mais voltaram.
O que esses números não mostram
Por trás das estatísticas secas — cinco mortos, vários acidentes — existe um rastro de dor que se espalha por comunidades inteiras. São esposas que ficaram viúvas, filhos que perderam pais, pais que enterraram filhos. E uma pergunta que não quer calar: quantas vidas precisam ser ceifadas antes que algo mude de verdade?
Os corpos foram encaminhados para os institutos médicos legais de suas respectivas cidades, onde peritos tentarão reconstituir os momentos finais de cada vítima. Enquanto isso, as investigações seguem — mas, convenhamos, de pouco adiantam as conclusões técnicas para quem perdeu tudo.
O que resta é um alerta doloroso: as estradas mineiras continuam cobrando seu preço em sangue. E a sensação é que estamos todos assistindo a um filme de terror que se repete todo mês, todo ano, sem um final feliz à vista.