
O que começou como mais uma discussão qualquer no caótico trânsito paulistano rapidamente descambou para uma cena de pesadelo. Na noite de quarta-feira, no Jardim Anália Franco, zona leste da capital, um simples bate-boca entre um motorista de aplicativo e pedestres terminou com consequências que ninguém — absolutamente ninguém — poderia prever.
Testemunhas ainda parecem estar processando o que viram. "Foi tudo muito rápido, mas ao mesmo tempo parecia cena de filme em câmera lenta", contou um morador que preferiu não se identificar. O clima, segundo ele, mudou do trivial para o trágico em questão de segundos.
Da discussão ao desastre
Aparentemente, tudo começou com uma daquelas situações que todo mundo já viu — ou viveu — nas ruas de São Paulo. O motorista, que trabalhava para um aplicativo de transporte, teria fechado um pedestre ao fazer uma conversão. Só que dessa vez, a coisa não parou nos xingamentos de sempre.
E então aconteceu o impensável: o condutor acelerou o veículo e atingiu uma mulher de 43 anos que estava na calçada. Sim, na calçada — aquele espaço que supostamente deveria ser nosso refúgio seguro do trânsito.
Mas o pesadelo não parou aí. Um homem de 44 anos que tentou ajudar a vítima acabou sendo arrastado pelo carro por vários metros. O motorista simplesmente não parou — continuou com o veículo, arrastando um ser humano como se fosse um objeto qualquer.
As consequências
O resultado foi tão brutal quanto previsível:
- A mulher sofreu múltiplas fraturas e um traumatismo craniano que, convenhamos, ninguém merece — muito menos por causa de uma discussão de trânsito
- O homem apresentou escoriações graves por todo o corpo — afinal, ser arrastado pelo asfalto não é exatamente uma experiência spa
- Ambos tiveram que ser socoridos às pressas e internados em estado considerado grave
O que me faz pensar: até onde estamos dispostos a levar nossa impaciência no volante? Vale realmente a pena arriscar vidas humanas por causa de alguns segundos ou de orgulho ferido?
O que aconteceu com o motorista?
Aqui é que a história fica ainda mais — se é que isso é possível — surreal. O condutor simplesmente... fugiu. Abandonou o carro a algumas quadras do local e desapareceu na noite paulistana como se nada tivesse acontecido.
A Polícia Militar, é claro, não ficou parada. Encontrou o veículo — que, ironicamente, ainda estava com o aplicativo de transporte ativo — e agora busca o motorista. A delegacia de Crimes contra a Vida assumiu o caso, o que já dá uma ideia da gravidade da situação.
E sabe qual é a parte mais absurda de tudo? O aplicativo em questão — que, por questões legais, não podemos nomear — já se manifestou, afirmando que está prestando todo o suporte às autoridades. Mas, cá entre nós, quantas vezes já ouvimos esse disco arranhado?
Reflexão necessária
Esse caso vai além de um mero acidente de trânsito. Exponha — de forma crua e dolorosa — como nossa sociedade está tratando a mobilidade urbana e, mais importante, a vida humana.
Motoristas sob pressão por corridas, pedestres estressados, trânsito caótico — é a receita perfeita para tragédias anunciadas. Só que dessa vez, o preço foi pago por duas pessoas que simplesmente estavam no lugar errado, na hora errada.
Enquanto isso, nas ruas de São Paulo, a vida segue — com mais um episódio violento para engrossar as estatísticas que, convenhamos, já estão mais do que inchadas. Quando será que vamos aprender?