
Imagine deixar seu carro no estacionamento e, quando voltar, descobrir que a conta multiplicou por quatro. É exatamente o pesadelo que aguarda donos de veículos apreendidos na capital paulista.
A concessionária responsável pelos pátios da cidade — aqueles lugares onde carros "descansam" após serem retidos — está estudando um reajuste que pode chegar a 320%. Sim, você leu certo: mais que o triplo do valor atual.
De quanto estamos falando?
Atualmente, a diária custa R$ 26,40. Com o aumento, saltaria para aproximadamente R$ 111. Em um mês? Quase R$ 3.330 — mais que o salário mínimo. E olhe que estamos considerando apenas um veículo.
"É um absurdo que beira o surreal", dispara o advogado especialista em trânsito Carlos Mendonça. "Muitos motoristas já enfrentam dificuldades para resgatar seus carros, e isso vai criar uma barreira ainda maior."
Por que tamanho aumento?
A justificativa da concessionária EcoSampa — que tem o contrato até 2027 — gira em torno de:
- Custos operacionais "pelas nuvens" (segurança, manutenção, etc.)
- Reajuste acumulado desde 2019
- Necessidade de "modernizar" os pátios
Mas será que justifica quase R$ 4 mil por um mês de estadia? Alguns especialistas torcem o nariz. "Parece mais um tiro no pé do que necessidade real", comenta a economista Fernanda Lima.
E os motoristas?
Para quem já está com o orçamento apertado — e muitos estão —, a situação é de desespero. "Se meu carro for apreendido, posso ter que abandoná-lo", desabafa o entregador João Silva, que depende do veículo para trabalhar.
E tem mais: o aumento pode criar um efeito dominó. Com menos gente resgatando veículos, os pátrios ficariam superlotados... o que, ironicamente, aumentaria ainda mais os custos.
Enquanto isso, a prefeitura diz que "analisa o pedido" — mas ninguém segura o tranco sobre quando (ou se) o reajuste será aprovado. Fato é que, em São Paulo, até ficar sem carro está virando luxo.